Ontem: "Filme brasileiro chega forte à reta final do Oscar"
Hoje: "O filme brasileiro 'O ano em que meus pais saíram de férias' ficou fora da disputa de melhor filme em língua estrangeira."
A mídia global continua ufanista, mas na prática a teoria é diferente. Hoje, com o anúncio oficial dos candidatos ao Oscar 2008, sacramentou-se mais uma decepção para quem, como eu, se importa com o sucesso do cinema nacional. Nosso pré-candidato não conseguiu chegar à reta final. É o caso de nos perguntarmos por quê.
Não é por falta de talento que nossas obras cinematográficas ficam de fora da mais badalada premiação do gênero — badalada, porque importante e merecedora de credibilidade é o Festival de Cannes, como todos sabemos. Temos excelentes roteiristas, atores, diretores e pessoal técnico. Se não vamos além é porque falta dinheiro, mesmo, para investir em aspectos técnicos, que são caríssimos. Até hoje, há filmes que não consigo entender completamente, porque o som é sofrível. E não estamos falando de efeitos sonoros do arco da velha, mas sim do simples som da voz do ator.
A falta de recursos dificulta, sobretudo, a divulgação dos filmes. Enquanto os grandes estúdios gastam fábulas milionárias para promover seus títulos, mesmo os péssimos, os produtores brasileiros vivem de pires na mão para conseguir botar uma meia dúzia de cópias nas salas americanas e europeias. Elementar, meu caro: quanto menor e mais localizado o público, menores as chances de a obra acabar premiada. Isso não tem nada a ver com talento, e sim com o problema de sempre, o vil metal.
Cao Hamburger, diretor de O ano em que meus pais saíram de férias, disfarça mal o desapontamento. E promete continuar trabalhando. É o que ele e todos os da área devem continuar fazendo: trabalhando duro, para que o reconhecimento internacional venha, num futuro próximo. Há merecimento para isso.
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