O Brasil é um dos campeões em cesarianas desnecessárias, segundo a Organização Mundial da Saúde. Os bebês nascidos através de cesarianas precisam ser levados às unidades de terapia intensiva duas vezes mais freqüentemente do que os que nasceram de parto normal. Os bebês de cesarianas apresentam também duas vezes mais problemas respiratórios do que os de parto natural.
Assim começa a matéria sobre um estudo realizado na Noruega, com 18 mil recém-nascidos, que passa a constituir mais uma prova do que todos já sabemos ou deveríamos saber: o parto normal é muito melhor para a saúde do bebê e da própria mãe.
A despeito desse fato sabido e ressabido, existe uma nítida tendência entre os médicos de preferir as cirurgias. Os motivos são indecentes: a comodidade e a conveniência do profissional. No primeiro caso, a cesariana permite que o parto tenha data e hora certas, inclusive para acabar, se não ocorrer nenhuma anormalidade. Já o parto normal pode demorar horas — em casos excepcionais, dias. E os semideuses de branco não podem perder seu preciosíssimo tempo com questões menores do que a sua permanente e incontrolável pressa. No segundo caso, o médico recebe honorários mais altos pela cesariana.
Com ou sem influência médica, mas sem dúvida abusando do direito à desinformação, é cada vez maior o número de mulheres que efetivamente preferem o método antinatural. Não querem sentir dor, alegam. A explicação também revela ignorância, posto que os sofrimentos do parto normal podem ser mitigados pelo chamado de parto humanizado, acessível inclusive na rede pública, com destaque aos bons serviços prestados pela Santa Casa de Misericórdia.
Dentre as mulheres que conheço, mesmo as instruídas (por incrível que pareça), é cada vez menor o número das que preferem o parto normal. Fico arrasado quando uma delas, por problemas na gestação, acaba sendo forçada à cesariana, o que aconteceu há menos de duas semanas com minha concunhada.
Enfim, por safadeza, ignorância e inversão de valores, o Brasil é recordista mundial de cesarianas desnecessárias, conjuntura que precisa ser mudada — mudança essa que não ocorrerá enquanto os governos e planos de saúde não passarem a pagar honorários médicos mais altos por partos normais.
Como realmente sou franco opositor do parto cesariano, voltarei a esse assunto em outras ocasiões. E antes que a turminha que gosta de jogar pedras venha me esculachar, usando — dentre outros argumentos imbecis — o de que sou homem e para mim é fácil falar, saibam que minha esposa, grávida, é entusiasta do parto normal e reza todos os dias para que o nosso bebê venha ao mundo dessa forma.
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