Há quem afirme que não existe crime perfeito: todos podem ser elucidados. De minha parte, acho que isso é conversa de policial idealista. Querer não é poder. Se todos os crimes podem ser solucionados, o fato é que nem todos o são. Aliás, as constrangedoras estatísticas brasileiras demonstram isso. Se não se chega a um culpado, o crime foi perfeito, sim. Por mais tosca e aberrante que tenha sido a sua execução.
A revista Mundo Estranho deste mês traz uma lista de dez crimes sem solução, até o momento, alguns deles ainda considerados solucionáveis, outros já na conta dos perfeitos. Eis a relação:
1. Jack, o estripador, claro. De cinco a nove prostitutas brutalmente assassinadas no subúrbio londrino de Whitechapell, em 1888.
2. Um "maníaco do alfabeto" atacou na cidade industrial americana de Rochester, entre 1971 e 1973. Estuprou e assassinou três meninas de 11 anos, mas as autoridades demoraram a perceber a repetição de um modus operandi, que se baseava na letra do nome das vítimas e no local do ataque: matou Carmen Colon em Churchville, Wanda Walcowicz em Webster e Michelle Maenza em Macedon.
3. Um homem nunca identificado atacou três adolescentes que acampavam às margens do lago Bodom, na Finlândia, em 4.6.1960. Apenas um sobreviveu. O crime chocou o país. O enredo incluiu confissões falsas e uma vítima virando suspeito, mas a verdade jamais apareceu.
4. Em 17.6.1934, um baú abandonado na estação ferroviária de Brighton, litoral sul da Inglaterra, foi aberto. Dentro dele, o tronco de uma mulher, sem a cabeça e os braços (que facilitariam a identificação). Na estação King's Cross, em Londres, um segundo baú continha as pernas. A polícia descobriu apenas que a vítima estava grávida e que, talvez, a bagagem tenha sido despachada na cidade de Dartfort. Mais nada.
5. O assassinato da "Dália Negra", uma aspirante a atriz com fama de prostituta em Hollywood, janeiro de 1947. A vítima foi serrada ao meio, na altura da cintura. Entre os suspeitos, Norman Chandler (famoso dono de jornal), o gangster Bugsy Siegel e até Orson Welles. O caso foi levado aos cinemas em 2006 pelas mãos de Brian de Palma. O filme meia boca inventa uma teoria mas não convence.
6. Carlos Ramires da Costa, o Carlinhos, sequestrado no Rio de Janeiro em 2.8.1973. Alguém pediu resgate, mas a imprensa deu ampla publicidade ao bilhete. No dia do pagamento, o local do encontro estava cheio de curiosos. O criminoso, claro, não apareceu e isso pode ter selado o destino da criança. Ninguém sabe até hoje o que aconteceu.
7. Entre 1968 e 1969, um maníaco atacou três casais de namorados, matando cinco pessoas. Depois telefonou para a polícia de San Francisco (EUA) admitindo os crimes. Também mandou para os jornais uma carta criptografada, assinando-se "Zodíaco". No último crime, foi visto por testemunhas e desapareceu sem deixar rastro.
8. Desde 1993, a Ciudad de Juarez, no México, já teve 370 mulheres assassinadas, contas da Anistia Internacional. Pelo menos 137 vítimas sofreram abuso sexual. Muitos suspeitos já foram presos, mas os crimes continuam acontecendo na miserável cidade. Existe a possibilidade de os delitos estarem associados a algum tipo de culto satânico.
9. Em 1971, Dan B. Cooper embarcou num voo comercial em Portland. O cara mostrou uma suposta bomba para a aeromoça e sequestrou a aeronave, um Boeing 727. Cobrou 200 mil dólares de resgate e, recebido o dinheiro, saltou de para-quedas, mesmo tendo dois caças em sua cola! Caiu numa região montanhosa, fria e cheia de florestas mas, ao contrário do que se pensava, nem sequer o para-quedas foi encontrado. Mas de mil suspeitos depois, o FBI jogou a toalha. De Cooper, o único vestígio encontrado foi um punhado de cédulas, em Vancouver, oito anos mais tarde, de acordo com a numeração das notas.
10. O décimo e último caso é o da pequena Madeleine McCann, desaparecida desde 3.5.2007, no balneário de Luz, em Portugal. Sequestrada por uma rede de pedófilos e levada para o Marrocos (versão dos pais)? Morta acidentalmente pelos pais, que forjaram um seqüestro e perderam o controle das consequências (versão da polícia portuguesa)?
4 comentários:
Yúdice, 3 observações:
1. a identidade de Jack, o Estripador foi descoberta mais de um século depois por um escritor e humorista brasileiro, gordinho e chato. Pasme: Jack era brasileiro e nobre!
2. a história do Zodíaco também foi filmada. Um filme "meia-boca", como "Dália Negra";
3. dentre os crimes insolúveis, pode-se incluir o do seqüestro do bebê de Charles Lindbergh, herói americano que sobrevoou sozinho e sem escalas o Atlântico Norte, de Paris a Nova York, no início de século XX. A criança foi encontrada morta, depois de meses de busca, enterrada próximo à casa da família. O acusado foi executado alegando inocência até o último momento e até hoje pairam dúvidas sobre se realmente ele teria sido o assassino.
1. Sei não, Francisco. Se fosse brasileiro, teria sido descoberto.
2. Lembro-me do filme do "Zodíaco", também. Nem tive coragem de ver.
3. Não conheço o caso da criança Lindbergh, mas sem dúvida podia entrar na lista, não fosse o seu reduzido tamanho.
Yúdice, o filme sobre o "Zodíaco" é ruim de doer. Cheguei a cogitar pedir o meu dinheiro de volta na locadora. É bem mais interessante ler o livro da Ilana Casoy, Serial Killers, ou assitir ao excelente O Silêncio dos Inocentes ou ao Massacre da Serra Elétrica, os dois extremos. O Zodíaco não é nem meio termo. É ruim demais.
Trazendo a temática para a nossa realidade, temos até agora os assassinatos dos garotos nas matas da CEASA como crimes perfeitos, não é verdade?
Correto, Fred. Já mencionei o caso da CEASA mais de uma vez aqui no blog, a última ainda agora (hoje é dia 12 de janeiro).
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