domingo, 20 de janeiro de 2008

"Talvez haja uma esperança"

"Se sou culpado, meu crime é ousar acreditar que a verdade vira à tona e que ninguém consegue mentir para sempre. Ainda acredito nisso. Por mais que tentem enterrá-la, a verdade está lá fora. Maior do que suas mentiras. A verdade quer ser conhecida."


Esta não é uma continuação da postagem anterior, apesar de uma certa semelhança de temas. As palavras acima não foram ditas por nenhum líder de qualquer um dos ativismos sociais já registrados pela História. Não é o desabafo de um mártir acerca das mentiras e crimes de pessoas extraordinariamente poderosas, crueis e invencíveis. Pelo menos, não da vida real. Mesmo assim, o discurso acima foi acompanhado por milhões de pessoas no dia 19 de maio de 2002, quando a emissora de TV americana Fox exibiu o último episódio do aclamado seriado Arquivo X. Obviamente, são palavras de Fox Mulder, ao perder sua última batalha para os conspiradores de seu próprio governo.
Arquivo X é uma das cabeças de lista dos seriados cult. Merecidamente. Projeto genial do dramaturgo Chris Carter, teve um começo meio morno em 1993, mas os temas sombrios — paranormalidade, mutações genéticas, experiências espirituais e, claro, os alienígenas —, além da premissa de que o governo americano era capaz de tudo para garantir a sobrevivência de um grupinho de poderosos, ainda que ao custo da vida de toda a humanidade, garantiram que se tornasse uma febre nos anos 1990, um sucesso absoluto de público e crítica. Como todo produto midiático, teve seus altos e baixos, evidentemente (considero a primeira temporada fraquinha), mas sem dúvida que é uma das maiores obras da TV, de todos os tempos. Rendeu nove temporadas e um longa metragem. Um segundo longametragem está sendo rodado no Canadá, a partir de um acordo feito pelo estúdio com os roteiristas em greve há meses, com previsão de lançamento para 2009 (foto ao lado). Os incontáveis fãs da série agradecem.
Até ontem, fui um fã anômalo. Isto porque assisti a bem poucos episódios, quando exibidos pela TV aberta, há anos. Adorava os temas e por isso me considerava um excer, mas sabia não ter autoridade para falar do assunto. Ontem, depois de mais ou menos três anos, assisti ao último episódio do seriado. Explico: como se espera de um fã, comprei as caixas de DVD, a coleção integral, naquela belíssima edição de colecionador. E ontem terminei a minha empreitada. Agora posso ser um fã de verdade, com conhecimento de causa.
Evidentemente, não falarei sobre "A verdade", nome do episódio final. Posso dizer, no máximo, que é muito coerente com o espírito lúgubre e desesperançado do seriado. Você fica meio deprimido quando termina. Mas, como diz Mulder, na última frase ouvida pelos excers, talvez haja uma esperança.
Não sei se há esperança para o mundo. Mas o dia 22 de dezembro de 2012 ainda está longe, por isso dá tempo de viver e ser feliz. Boa sorte.

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