terça-feira, 28 de julho de 2009

Bobagens, sempre bobagens

O Ministério Público de São Paulo não deve andar muito ocupado. Afinal, um procurador de justiça (assim foi noticiado) decidiu se ocupar com uma piada de Danilo Gentili, um dos homens de preto do "CQC" (humorístico da Bandeirantes). Na madrugada do último sábado, Gentili se saiu com esta, via Twitter:


"Agora, no Telecine, [o filme] 'King Kong', um macaco que, depois de ir para a cidade e ficar famoso, pega uma loira. Quem ele acha que é? Jogador de futebol?"

Resultado: o fiscal da lei acha que pode ter havido racismo no comentário. Daí a necessidade de apuração! O narcotráfico, o crime organizado, o descaminho, os homicídios e mais o escambau respiram aliviados, já que o Ministério Público entendeu ser mais urgente se ocupar de uma piada de menos de 140 caracteres, feita por uma pessoa que ganha a vida como humorista, e atingindo mais diretamente a briosa raça dos jogadores de futebol que em minha opinião são profissionais do nada.
O interessante é atacar logo de racismo. Poderiam ter falado em preconceito de classe e outros tipos de discriminação, mas partiram direto para o racismo, que tem legislação própria e pode ensejar crime inafiançável. Ou seja, mais estardalhaço, mais holofotes, etc.
Gentili fez seu mea culpa. Disse estar "disposto a pedir perdão a qualquer pessoa que se ofendeu, sobre qualquer assunto, em qualquer coisa que eu tenha dito". Só não vai apagar a mensagem porque "realmente disse aquilo". Tem lógica. Mas a lógica acaba aí.


Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/colunas/zapping/ult3954u601276.shtml

PS O amigo Lafayette também fez uma postagem sobre o assunto, publicando a ótima resposta do Gentili. Eis aqui.

12 comentários:

Rita Helena Ferreira disse...

Desculpe-me, mas ouso discordar.

Há muito tempo não assisto Casseta e Planeta. Pânico e CQC nunca me atraíram. Algumas piadas são ótimas, é verdade. Mas, a meu ver, são tão raras nos programas, que prefiro vê-las, isoladamente, no You Tube, qdo recebo alguma indicação.

De piada em piada, banaliza-se uma prática rotineira. Acho engraçado o rapaz do CQC - que assim como os demais apresentadores do programa, deve se considerar o suprassumo da inteligência - dizer que não há nada em pejorativo chamar um negro de macaco. Que pior seria chamá-lo de girafa, diante da comparação de QI.

Ora, os negros demoraram anos para superar várias mazelas da humanidade, sendo que o processo de superação é contínuo. A conotação de "macaco" é muito mais abrangente que a mera comparação com o animal macaco. E o rapaz apresentador sabe disso. De ingênuo, não tem nada.

Agora o que mais me choca é o desfecho da resposta: "talvez o gay tenha sido agredido na infância."

Vai ver, em sua concepção, a homossexualidade é um desvio cujo estopim seja o abuso sexual na infância. Alguns já pensaram assim, é verdade. Mas, estranho isso passar pela cabeça do Sr. Sapiência CQC.

A piada sobre o gordo, o gay, o negro, o anão, etc, só é engraçada quando não se pertence a nenhuma dessas categorias.

Acho válido o puxão de orelha do MPF. Liberdade de expressão? Sim. Mas vc deve arcar com as consequencias daquilo que fala.

Além disso, o fato de o MPF olhar esse caso não exclui a apreciação de outros fatos, também importantes.

Abraços.

Wilson franco disse...

"O interessante é atacar logo de racismo. Poderiam ter falado em preconceito de classe e outros tipos de discriminação, mas partiram direto para o racismo..."

Na verdade,com essa piadinha o Danilo gentili fez referência ao caso do jogador Elicarlos do grêmio que, conforme noticiou-se recentemente, deixou o campo sob gritinhos de macaco imitados pela torcida adversária. Anteriormente, um integrante do time oponente teria feito a mesma insinuação durante uma partida. Então, o Danilo pegou King Kong X Elicarlos e acabou se enrolando com uma brincadeira que é mas não deveria ser considerada agressiva.............paciência, né?!

Wilson Franco disse...

Áh, aqui vai um link para notícia, par que se tenha uma idéia da gravidade que a situação tomou....

http://mundoafro.atarde.com.br/?p=1048

Yúdice Andrade disse...

Querida Rita
1. Não precisa pedir desculpas para ou por discordar. Só rejeito os idiotas e valentões, não pessoas inteligentes e ponderadas como tu.
2. Também não assisto aos programas em questão, basicamente pelos mesmos motivos. Tomei conhecimento do caso pelo noticiário.
3. Concordo contigo quanto à banalização das agressões travestidas de brincadeira, bem como com a necessidade de coibir o mau uso da liberdade de expressão. Encontrarás, aqui no blog, várias postagens nesse sentido.
4. Minha questão, por ora, é realmente quanto à necessidade de fazer do caso Gentili uma questão ministerial ou judicial. Concordo, muito genericamente, que os grandes e os pequenos erros devem ser apurados e punidos, mas a realidade brasileira é outra. Enquanto temos questões graves a resolver, enquanto amargamos uma cifra negra de criminalidade absurda, enquanto temos uma taxa de elucidação de homicídios em torno de 10%, precisamos mesmo gastar recursos públicos com Danilo Gentili?
5. No fim, temos mesmo que nos perguntar se isso não tem a ver mais com o fato de Gentili ser um cara em evidência na TV do que com o fato em si.

Wilson, obrigado pela informação. Ela cria um contexto para a piada de Gentili, tornando-a menos gratuita, porém mais específica. Fica, realmente, mais patente a ideia de agressão, porque pode soar como uma aceitação implícita às ofensas sofridas pelo jogador.
Enfim, os ativistas da causa ganharam algo com que se ocupar nos próximos dias.

Lafayette disse...

Yúdice, obrigado pela linkada.

Mas, meus caros, O DANILO GENTILI NÃO CHAMOU (NÃO ESTOU DIZENDO, NÃO "QUERIA CHAMAR") O NEGRO DE MACACO!!! (desculpe-me o caps, mas, irrito-me com politicamente corretos!!!)

Cara, as pessoas estão ficando neuróticas, loucas (vai vir alguém aqui e me acusar de falar de uma doença mental, que atinge milhares de pessoas no mundo, e que não merecem ser comparadas com ninguém, blá, blá, blá, blá, etc...) com este papo de afrodescendentes, pessoa com tendências sexuais não heteregôneas e sei lá mais de nhem nhem nhem - ah, que saudades do mei amigo Juva!).

Pô, crime, eu disse CRIME de racismo, expressão de preconceito criminoso (nem todo conceito prévio o é!!!) é outro papo. Não vou aqui tipificar, mas é!

O humorista, vou repetir, o HUMORISTA fez uma piada (se de mal gosto, ou não, não interessa aqui) com jogador de futebol e com loira e "com ficar famoso e pegar loiras", e não com o macaco, com negros ou com o King Kong (que naquela 2ª versão do clássico do cinema era charmoso, inclsuive).

Não tem nada de jogador que foi chamado de macaco em campo.

As pessoas estão ficando malucas com este mundo malucooooo!!! (ops, acho que até eu também rsrsrsrs)

Vou falar uma coisa aqui (vai ser matéria de um post meu qualquer dia desses): está uma Caçada as Bruxas de Salem este assunto de pedofilia aqui no Pará.

Corro o risco de ser lançado na fogueira, mas, amigo, ler como li que a CPI já CONFIRMOU (era assim mesmo que estava escrito) mais de 25.000 casos, vou repetir, VINTE E CINCO MIL CASOS de pedofilia só no Pará, é fueda!!!

A pedofilia, assim como o racismo é deplorável, nojento, criminoso e, comigo, o cidadão merece levar porrada (assim mesmo). Todo pedófilo e racista é canalha!

Mas, 25.000 casos de pedofilia confirmados no Pará é dose que só favorece a mídia e a igreja, qualquer uma!

Mas, voltando ao outro desabafo.

O politicamente correto é papo de quem não quer, realmente, enfrentar a questão, diga-se a sociedade e os governos, e fica jogando eufemismo goela abaixo da gente.

Daqui a pouco, vamos perder a ternura da primeira punheta. Pois, até falar em masturbação será politicamente incorreto.

Já escrevi sobre isto, há tempos:

http://xipaia.wordpress.com/?s=professorinha

Ufa!

Ah, e, pra mim, politicamente incorreto é o que a gente faz de 4 em 4 anos, colocando estes imbecis pra nos governar e legislar!

Desculpe-me, Yúdice... acho que vou tomar uma canja... vai que meu mal é fome! rsrsrs

Anônimo disse...

Sou desfavorável a qualquer ato 'racista' entretanto entendo que o humorista em moment algum fez menção à negros na sua postagem. Concordo com o comentário acima de que realmente há um exagero e paranóia em torno deste tema.

No entanto deixamos claros que a conotação 'racial' contra os negros são, em geral de cunho ofensivo e não merametne humorístico. Não tem o mesmo peso chamar caucasiano de branquelo se comparado a alcunhar de macaco um negro. Há todo um contexto histórico de preconceito imbutido que faz da expressão 'macaco' carregar com si o caráter de desprezo e a inferioridade que não se vê em outros termos como 'veado', 'elefante', branquelo e etc...

Abraços Primo!!!

Anônimo disse...

Não, certamente não se tratou de uma afirmação rassista. Em verdade, em seu sentido mais original e profundo, ela é mesmo edificante para os negros. Na verdade é ofensiva contra as louras que, segundo a versão, ficam com macacos.

Bem, para ser sincero eu nem gostaria de falar sobre isso. O que eu acho incrivel mesmo é o autoritarismo que muitos brasileiros insistem em negar. Alguém que escreve algo como: "Com tantos outros problemas o MP se ocupa com isso..." estabelece já uma hierarquia de importância a qual todos devem dedutivamente aceitar (lembram do positivismo: ORDEM E PROGRESSO, kakaka, e por aí vai).
Sociedades desenvolvidas, grupo do qual o Brasil não faz parte, são sociedades em que formas de expressão são toleradas a partir da observância do direito do outro e este pode ser subjetivo e não necessáriamente objetivo, como dor física, fome etc... Até mesmo por que muitas vezes uma ofensa doi mais que um soco no estômago, pode deixar marcas por anos, ou mesmo por uma vida inteira.

Mas o brasil (o minúsculo é proposital) é o pais do bola pra frente, do nunca se rende (continuamos sempre a pagar os impostos sem receber nada em troca), do comercial de cerveja que faz o elogio da alienação e da banalidade e por isso talves sugerir uma ofensa a um determinado grupo étnico (como no caso das louras) não é problema relevante.Pelo menos nas concepções democráticas de alguém, que, interessantemente, não percebe a a profundidade subjetiva e possivelmente dogmática do "eu acho".

Pra finalizar, eu, não sendo nem macaco (eu acho), nem preto, mas casado com uma loura, que eu considero inteligente (bem mais do que eu inclusive), espero que o senhor Gentili não venha a fazer piadas sobre nortistas, pois isso poderia causar uma revolução em algumas concepções de prioridades em um país com tantos problemas.
No fundo, no fundo - agora é para finalizar mesmo - já dizia aquele célebre ditado popular: Pimenta no dos outros...

Roberto Barros

Lafayette disse...

E por falar em loiras... tem aquela:

-Queres andar na praça com uma loira inteligente?

-Sim! Responde o amigo.

-Anda com uma Golden Retrevier!

rárárárárárá

Anônimo disse...

Em salvador.......

-Kra, será q é verdade q dizem q ser negro tem a ver com burrice?

- Ei, c ta maluco,Cara? nós estamos em Salvador! Quer apanhar aqui na rua, É?!

-Ih, foi mal!

- Parece preto!!!

Yúdice Andrade disse...

Lafayette, percebo que pensamos sobre isto basicamente da mesma forma. Preocupa-me essa virulência com que as pessoas se ofendem e reagem às supostas agressões. Um tempo de terapia devia ser obrigatório para todo mundo.

Concordo, Jean, concordo. Mas é preciso dar às coisas a dimensão que elas realmente possuem. Esses delírios corporativos têm, inclusive, cerceado manifestações artísticas legítimas, humorísticas ou não. Será que é proibido chacoalhar as pessoas? Penso que não.

Roberto, parece que divergimos um pouco desta vez, não?

Das 12h45, presumo que isso foi uma piada. Se você não foi baiano, o mundo pode desabar se algum baiano passar por aqui...

Wilson Franco disse...

Aqui vai uma ferramenta de utilidade pública:

FLUXOGRAMA DE ENTENDIMENTO DE PIADAS

http://capinaremos.com/2009/07/fluxograma-de-entendimento-de-piadas/

Guardem na memória e melhorem sua qualidade de vida, diminuindo o estresse e evitando traumas cardíacos.

Yúdice Andrade disse...

Esta foi ótima, Wilson. E, por mais brincadeira que seja, se agíssemos assim, o mundo seria melhor, não seria?