sexta-feira, 31 de julho de 2009

Mosqueiro: degradação da beleza e da história

A arquiteta e professora Claudia Nascimento, que mantém o blog Marcos do Tempo, publicou uma interessante postagem sobre o estado de abandono e depauperação dos outrora graciosos chalés de Mosqueiro, cuja conservação deveria ser um objetivo prioritário tanto dos proprietários quanto do poder público.
É a velha falta de visão, que tanto caracteriza esta nossa região. Aqui, o negócio é demolir, para construir no lugar alguma casa de linhas retas supostamente arrojadas e modernas, cheias de vidros e splits aparentes. Quando não prédios comerciais ou mesmo espigões.
Soubéssemos o valor do passado, as linhas arquitetônicas dessas edificações e a história neles embutidas, por si só, já lhes valeriam a condição de atrações turísticas, como acontece em países mais civilizados e mesmo aqui no Brasil.
Cito como exemplo o Município de Pomerode (SC) a cidade mais alemã do Brasil , que criou a rota do enxaimel. O enxaimel é um estilo arquitetônico típico da Alemanha e os pomerânios invocam para si a condição de local fora daquele país que reúne a maior quantidade de construções nesse estilo. São cerca de 70 casas. Eu fiz o trajeto. Você percorre estradinhas de terra batida e vê as casas. Apenas vê. Não entra nelas, pois são apenas residências, salvo uma ou outra, onde funcionam pequenos comércios, inclusive de artesanato. Mas a cidade encontrou uma forma de usufruir de uma peculiaridade paisagística que possui. Inteligentes eles, não nós.
Em Mosqueiro, poderíamos reunir a arquitetura, a história do ciclo da borracha (que foi importante para todo o país) e, de quebra, o vasto potencial ecoturístico do local que, para além das praias, envolve mata nativa, igarapés e modos de vida dos ribeirinhos. Seria espetacular. Mas falta gente espetacular para levar adiante uma ideia como esta.

4 comentários:

Claudia disse...

Muito obrigada, Yudice, pela referência. Nossa Mosqueiro, e porque não dizer Belém, precisa de atenção às questões críticas. Ética, educação, cultura nos compõe como cidadãos.
São tantas urgências... mas se formos cidadãos saberemos tomar frente a todas as lutas.

Yúdice Andrade disse...

Concordo plenamente. E por isso mesmo me entristeço, já que todos os dias temos renovados e contundentes exemplos de que não somos cidadãos. É uma pena. Mas façamos o nosso trabalho voluntário de formiguinhas, nesta luta por educar as pessoas. Se funcionar com um, já terá valido a pena, se ela própria se tornar uma multiplicadora.
Tenho tentado crer nisto. Abraço.

Carlos Barretto  disse...

De fato, além da questão da péssima conservação de alguns chalés, com algumas honrosíssimas excessões, Mosqueiro se recente da falta de ordem pública. O que aconteceu neste mês de Julho por lá, foi uma invasão de bárbaros, flagrantemente tolerados pelas autoridades, que deveriam impor-lhes limites. Agora, empresários predadores, antes restritos aos primeiros metros da Praia de Murubira, montam "casas de espetáculos em plena orla residencial da praia, atraindo e incentivando os energúmenos aos abusos, saques, poluição sonora e tudo o mais que vc pode imaginar. Mas não vai ficar assim não. Já existe uma iniciativa de moradores contra este tipo de empreendimento na orla da praia. Todos interessados no lucro à qualquer custo.
Vejamos então.

Yúdice Andrade disse...

Sabia que passarias por esta postagem, Barretto.
Sobre o ponto que mencionas, recordo a fama de Mosqueiro, de ser muito popular, enquanto Salinas era elitizada. Hoje, contudo, os endinheirados escutam pagode, arremedo de forró, axé e outros tipos de porcaria, de modo que a linha entre as referências culturais das tais classes sociais foi rompida. Logo, podemos esperar que Mosqueiro, Salinas e todos os demais destinos de férias sejam tomados pela balbúrdia, pela ausência de cidadania, pela irracionalidade e pela sujeira - aspectos por sinal destacados pela imprensa agora em julho, a respeito da atlântica.
Valha-nos quem?