segunda-feira, 6 de julho de 2009

Como mudou a educação


O amigo Jesiel Lopes me mandou esta charge, que achei estupenda e decidi publicar. É a mais dura realidade e perpassa todos os níveis de ensino. Chega, portanto, ao ensino superior. Confesso que sempre fico impressionado quando vejo jovens adultos jovens, mas ainda assim adultos chegando à faculdade com pai ou mãe, para resolver os seus problemas. Compreendo que pesa o fator financeiro (os pais são os provedores e, numa instituição privada, os contratantes do serviço), mas de que adiantou a redução da maioridade civil, promovida pelo Código Civil de 2002 e defendida ardorosamente por tanta gente?
Não sou o único professor a sentir um certo constrangimento vendo um jovem adulto sendo conduzido, qual uma canoa sem rumo, pelo pai ou mãe. Mas isso espelha estes tempos malucos, em que a informação e a tecnologia nos fazem cada vez mais aptos a enfrentar o mundo, porém a educação doméstica nos torna cada vez mais acanhados, superprotegidos, incapazes de resolver as mínimas coisas.
Já falei várias vezes sobre carteira de habilitação para ser pai ou mãe. Deveria fazer parte do processo de habilitação comprovar o interesse de criar filhos autônomos, emocionalmente estáveis e capazes de encarar o mundo como ele é, e não como pintado pela publicidade totalizante, pela prática das compensações materiais da ausência paterna e pela geração videogame-shopping center-academia.

3 comentários:

Anônimo disse...

Constrangimento e nos obriga a deselegãncia, pois seja qual for o encaminhamento, sobra para todos os lados, para o corpo e para a alma. O professor que se esforça para ser um bom profissional, quase sempre perde esta batalha. Eu já vi muito isto acontecer e te confesso que não tive estrutura, aliás acho que recusei-me a brigar comigo para te-la e dar conta desta convivência. Ainda que considere a questão financeira dos pais, não dá para não ficar intrigado que não percebam que tal comportamento - pois acredito que seja histórico na família - em grande parte e para uma grande parte deste grupo, concorreu para que os filhos não tivessem êxito em uma universidade pública. Não percebem também que esta atitude não protejerá os filhos da seleção feita pelo mercado. Para mim, embora seja desagradável afirmar, não ensinam os filhos a identificarem seus limites, se organizarem para superálos e tornarem-se homens e mulheres dignos. Coisa que todos nós e em qualquer idade precisamos para nos mantermos firmes neste mundo. Eles, os filhos precisam de outra proteção e devem te-la, os pais precisam refletir sobre seus papéis e responsabilidades.

Anônimo disse...

Na charge faltou apenas o professor pelego. Aquele que vive dando tapinhas nas costas e notas altas a todos. Depois ele se queixa que professor é desvalorizado no Brasil varonil repleto de analfabetos eleitores...

Yúdice Andrade disse...

Das 19h27, percebo que pensamos de modo semelhante. A pior lição que fica parece ser mesmo esta: os pais pensam que estão ajudando e amando seus filhos, quando na verdade fazem um grande mal a eles e um, pior ainda, às pessoas que com eles conviverem.

Sem dúvida, das 23h34, existem esses, também. E não são poucos. Lastimo profundamente esse tipo de conportamento e recomendo enfaticamente, a quem pense em agir assim, que procure outra profissão.
Semana passada, numa aula da saudade, comentei como é interesse que as turmas sempre acabam rendendo homenagens aos professores tidos como carrascos. Tomei isso como um bom sinal da maturidade que chega.