Já havia lido, ontem, sobre o caso da mulher que espancou um bebê de apenas um ano e dois meses, mas apenas hoje assisti a esta matéria aqui, revelando uma brutalidade que não me surpreende, no sentido de que todos sabemos que essas e outras coisas terríveis acontecem com mais frequência do que supomos, mas que impressiona pela intensidade do ataque, pela fragilidade da vítima e pela ausência de uma explicação racional ou emocional para que alguém faça algo do gênero.
A ausência de motivos para certa conduta é uma das situações que mais provoca perplexidade e incapacidade de agir eficientemente em resposta.
Sempre fui avesso à violência. Até as modalidades esportivas de luta me causam desconforto e, em alguns casos, uma dose de repugnância. Tenho dificuldade em ver pessoas sofrendo, o que talvez torne acertada a minha decisão de 18 atrás, de cursar Direito e não Medicina.
Não sou apenas eu a repudiar a violência. Veja-se que a estranha ética do cárcere voltou a funcionar. As presas da cadeia de Itupeva não querem a agressora perto delas. Não é uma pessoa que mereça comungar do mesmo espaço que elas mesmas, que por sua vez já são excluídas sociais, pelo crime, pela prisão, pelo estigma. Entre os presos homens, acontece fenômeno semelhante: autores de certos delitos são repudiados e podem ser executados caso não ocorra o isolamento. Quem pensa que o cárcere é um ambiente desprovido de valores humanitários, equivoca-se gravemente. Ainda que sejam valores de uma outra espécie de humanitarismo.
Recordo-me de quando peguei minha filha nos braços pela primeira vez, pouco depois de seu nascimento. Após algum tempo apenas olhando para ela e pensando em muitas coisas ao mesmo tempo, informando a ela quem eu era, um de meus primeiros raciocínios externos foi justamente como alguém pode fazer mal a uma criaturinha dessas?
O mesmo pensamento me ocorreu em diversos outros momentos, vendo-a dormir, alimentar-se, brincar ou simplesmente existir. Não procuro uma resposta para essa indagação e duvido que pudesse haver alguma. A ideia não se aplica somente aos nossos filhos ou às pessoas que amamos. Aplica-se a todo e qualquer bebê.
No final, só consigo me lembrar da excelente definição dada pelo psiquiatra que aparece no filme O julgamento de Nuremberg, que comentei em janeiro (veja, no marcador "cinema", postagem com o título do filme). A maldade é a ausência de empatia. Magnífica percepção.
Isso explica muito. Mas não resolve nem muda nada.
Um comentário:
Simples,
Tem doido pra tudo. Só lembrar do caso do Joseph a alguns posts abaixo...
Atos assim só podem ser explicados por alguma espécie de distúrbio, que faz com que essas pessoas(?) se aproximem mais de animais do que de seres humanos.
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