Menos, senador! Menos

Já tive a oportunidade de dizer, aqui no blog, que reconheço o valor das comissões parlamentares de inquérito, em sua concepção, mas que duvido de sua prestabilidade no Brasil, porque aqui, na terra da esculhambação, elas perdem a finalidade de investigação séria para virar meio eficiente de autopromoção de todo parlamentar que consiga tirar uma casquinha dela. Sejamos francos: que CPI realmente mudou a história deste país? Ou deste Estado? No final, tudo acaba mesmo no Judiciário ou no esquecimento.
Escrevo isto porque me irrita, e muito, a postura histriônica e atrabiliária do senador Magno Malta, presidente da CPI da pedofilia em âmbito federal. Tudo bem que CPI não é processo judicial e Malta não precisa comportar-se como um juiz. Mas ninguém disse que ele pode ser parcial, fazer prejulgamentos e, inclusive, ameaças e deboches, tais como "O seu advogado vai ter muito trabalho."
O motivo é simples: quanto mais ele dá mostras de que pretende ferrar com A ou B, haja ou não razões para tanto, mais ele sugere que a condução que dá aos trabalhos é tendenciosa e indigna de credibilidade. A sorte dele — e decerto é nisso que aposta — é que o cidadão comum deseja esse desfecho punitivo e por isso endossa os seus atos, como sempre sem maiores reflexões. Depois, a coisa chega ao Judiciário e começam a surgir as nulidades e outros quetais jurídicos, devido a uma aplicação mais técnica da lei. Aí todo mundo fica com ódio do Judiciário e dos advogados.
O que mais me irrita, contudo, é essa mania do senador de abrir o laptop para toda e qualquer autoridade que pare perto, a fim de mostrar as fotografias de atos de pedofilia que ali tem guardadas, só para ver as reações de asco e indignação. Afinal de contas, quantos anos tem esse rapaz?
Se bobear, ele é, hoje, o maior exibidor de fotos de pedofilia do país. Será que a Alice pode botar um pouco os pés no chão?