Iraniana cega com ácido quer punição de algoz
Uma mulher iraniana afirmou ontem que aprova a decisão da Justiça de seu país, baseada na lei islâmica do 'olho por olho', de punir o homem que a deixou cega. Ameneh Bahrami [foto], de 30 anos, foi atacada por um homem (que foi identificado apenas como Majid), que jogou ácido nos olhos e no rosto dela após ela rejeitá-lo em 2004. Na ocasião, Majid era um colega de faculdade e tinha intenção de casar com Ameneh. Depois ser agredida, a iraniana foi fazer um tratamento em Barcelona, na Espanha, onde vive desde então com uma ajuda financeira de 400 euros por mês do governo local.
'Eu não estou fazendo isto por vingança, mas apenas para que o mesmo sofrimento não se repita, para que se possa ir na rua com segurança', disse ela, em entrevista para a rádio Cadena Ser, que ainda o chamou de 'sortudo'. 'Ele receberá uma anestesia antes de jogarem cinco ou dez gotas de ácido. Será fácil para ele', completou.
No final de 2008, a Justiça de Teerã decidiu que Ameneh poderia cegar o homem da mesma forma. Assim, Ameneh só aguarda uma carta da justiça iraniana para voltar ao país e punir Majid. Por estar cega, porém, ele não poderá jogar pessoalmente o ácido no homem. 'Há muita gente que poderá fazer isto por mim', disse ela.
Ameneh afirmou, porém, que quer que o ácido seja jogado em apenas um dos olhos dele. '(No Irã) Dizem que meus dois olhos são iguais a um, porque em meu país cada homem tem o valor de duas mulheres', disse ela, que por conta do tratamento em Barcelona recuperou 40% da visão em um dos olhos, mas tem boa parte do rosto ainda com sinais de queimadura.
'Eu não estou fazendo isto por vingança, mas apenas para que o mesmo sofrimento não se repita, para que se possa ir na rua com segurança', disse ela, em entrevista para a rádio Cadena Ser, que ainda o chamou de 'sortudo'. 'Ele receberá uma anestesia antes de jogarem cinco ou dez gotas de ácido. Será fácil para ele', completou.
No final de 2008, a Justiça de Teerã decidiu que Ameneh poderia cegar o homem da mesma forma. Assim, Ameneh só aguarda uma carta da justiça iraniana para voltar ao país e punir Majid. Por estar cega, porém, ele não poderá jogar pessoalmente o ácido no homem. 'Há muita gente que poderá fazer isto por mim', disse ela.
Ameneh afirmou, porém, que quer que o ácido seja jogado em apenas um dos olhos dele. '(No Irã) Dizem que meus dois olhos são iguais a um, porque em meu país cada homem tem o valor de duas mulheres', disse ela, que por conta do tratamento em Barcelona recuperou 40% da visão em um dos olhos, mas tem boa parte do rosto ainda com sinais de queimadura.
De O Liberal de hoje.
Perfeitamente ciente de que a grande maioria das pessoas aplaudirá a pena imposta ao agressor, salvo um ou outro homem que se identifique com ele, devo dizer que me angustio profundamente com a permanência, em nossa época, das penas taliônicas em certos ordenamentos jurídicos. Não é tanto pelo ato em si — violência é violência e por si só me horroriza —, mas por essa repugnante engenharia que dá, à sanção, ares de um deboche demoníaco. Há formalidades, procedimentos, regras, técnicas — tudo destinado a garantir que a pena seja executada de maneira asséptica, correta, objetiva. E sem maiores e desnecessários sofrimentos. Como se não fosse o que é.
A primeira vez que meditei sobre isso foi ao ler Vigiar e punir, de Michel Foucault, quando ele explica sobre a engenharia punitiva e a intrincada lógica taliônica, que em seu entendimento faz de todo condenado um mártir. Com o tempo, as ideais se sedimentaram em mim e, definitivamente, não acho que o mundo e especialmente a humanidade ganhe alguma coisa com a subsistência desses horrores antigos.
4 comentários:
Reitero inteiramente suas palavras, Professor. É simplesmente inaceitável que esse tipo de punição perdure em nossos dias. Quando ocorrem mediante autotutela já são repugnantes, que dirá amparadas pelo Estado. Me sinto inojado.
Devemos olhar pelos princípios, indo até a forma de educação do criminoso
Mas isso, será apenas para vermos o meio que ocasionou neste fim desgraçado, e obtermos um conhecimento a mais sobre educar um homem.
Ou seja. Mesmo que a forma que o criminoso tenha sido criado tivera sido de tal forma que justifique a sua personalidade, ocasionando no crime o qual cometeu, ele não terá sua condenação "considerada", ou mesmo amortecida.
Portanto, um fim miserável não se deveria chegar, mas, uma vez acontecido, não há outra maneira que senão a de fazer o culpado pagar da mesma forma executada por si, igualando a balança da justiça que não deveria existir.
Desculpe, eu às vezes não tenho tempo para explicar melhor algo que se poderia dizer em uma enciclopédia, por isso não consigo responder algo a alguém , no que se refere a sociologia, filosofia, ciência, et., de uma maneira bem explicativa, sem deixar indagações.
Yúdice, eu fico meio que estupefato com situações deste quilate.
Grande parte de mim se revolta e se contorce pela decisão, como você.
Porém confesso que, lá dentro, nas profundezas primitivas de meu psiquismo, algo muito involuído filogeneticamente não reprova - apenas não pode se manisfestar em palavras. Esta primária subcriatura aprova, mas não me deixa perceber no plano do consciente e sim apenas sentir levemente.
Dr. Jekyll & Mr. Hyde?
Meus caros, agradeço as manifestações, que me parecem meio de acordo. Agora especificamente quanto a Jekyll e Hyde, Scylla, aposto que eles residem em alguma intensidade dentro de todos nós, sem escapatória. Por isso devemos encontrar uma boa forma de lidar com isso.
Postar um comentário