Faz uns poucos anos, houve um festival de curtametragens brasileiros aqui em Belém, no teatro Maria Sylvia Nunes. Na noite em que fui com minha esposa, assistimos a algumas obras, das quais três nos agradaram tremendamente: uma comédia escrachada (Sequestramos Augusto César), um drama sobre racismo (O xadrez das cores) e um documentário sobre mulheres que convivem com a dor de ter um marido ou companheiro na prisão (Visita íntima).
Este último, pelo tema e pela abordagem humanista, tem tudo a ver com a minha atividade docente. Por isso, dei um jeito de entrar em contato com a diretora e roteirista do filme, Joana Nin, e ela teve a gentileza de compreender os meus motivos e me mandou uma cópia. Costumo exibir o documentário para minha turmas de Direito Penal II, disciplina em que estudamos o sistema penitenciário.
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No drama, Pires é Stella, uma viúva solitária cujo sobrinho viaja muito e por isso contrata uma empregada para tomar conta dela. Mas a empregada, vivida por Zezeh Barbosa, é negra e aguenta — com uma humildade desconcertante — as ofensas e provocações da idosa racista, que chega ao ponto de menosprezar N. Sra. Aparecida (uma santa preta), sem jamais revidar e sem deixar de priorizar os interesses da idosa.
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Uma bela demonstração de como o cinema brasileiro, especialmente os discriminados curtas, tem muito a oferecer em matéria de entretenimento, emoção, reflexão e conhecimento.
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