Segundo a imprensa, hoje, após avançar sobre os camelôs, com vistas à liberação das calçadas da cidade para os seus legítimos donos, os pedestres — medida absolutamente correta, porque não é assim que se deve gerar renda —, a Prefeitura de Belém, através da Secretaria de Urbanismo, promete finalmente acertar contas com as classes média e alta, promovendo a regularização dos bares legais e descolados que igualmente ocupam as calçadas, mandando para o meio da rua quem passa a pé.
Consta que, nos últimos dois anos, foram expedidas nada menos que 18 mil notificações com a finalidade de alertar os estabelecimentos quanto à necessidade de cumprir o Código de Posturas. A ser verdadeira a informação, isso mostra que esse desgoverno municipal não serve mesmo para nada. Sempre pensei que o imobilismo era total, ou seja, ninguém era notificado de nada. Mas se os infratores são notificados e nada muda, então é porque a administração municipal, além de não ter credibilidade alguma, também não se preocupa em efetivar as suas obrigações legais.
Aliás, a coisa mudou, sim, nos últimos dois anos: cresceu horrivelmente a quantidade de pilantras ganhando dinheiro em nossas calçadas obstruídas. Isso se observa em toda a cidade, sendo a Almirante Wandenkolk apenas um exemplo gritante do fenômeno.
Contudo, deixo a pedra cantada: quando a prefeitura começou a retirar os camelôs, toda a cidade aplaudiu. Somente os próprios camelôs e seus familiares foram contrários, alegando como sempre a necessidade de subsistência. Agora, se os bares forem atingidos, os efeitos serão diametralmente opostos. Embora para os empresários a questão não seja necessariamente de subsistência — em alguns casos, é de enriquecimento, mesmo —, a população vai cair matando. Não toda a população, claro, mas apenas a que tem voz audível. Choverão críticas contra a prefeitura. Haverá mobilizações e, quem sabe, até passeatas! Porque os bares frequentados por quem tem grana para aproveitar a night não podem ser incomodados. Só os pedestres que não frequentam tais locais serão totalmente a favor. Quem tem grana para ir de vez em quando talvez fique em cima do muro ou parcialmente favorável.
Curioso desenho, esse. No caso dos camelôs, os prejudicados são os mais pobres. Embora o benefício seja geral, ele é mais percebido entre os mais afortunados, já que a medida foi aplicada sobretudo em bairros considerados nobres. A periferia continua como sempre foi. Já no caso dos bares, a coisa se inverte: os prejudicados são os endinheirados e os beneficiados são os mais pobres, que não charlam nesses ambientes.
Em conclusão, já sabemos como essa história vai terminar. Ainda mais com a prefeitura que temos.
2 comentários:
Por enquanto está bom. Espere para ver quando for inaugurado o shopping da Doca.
Sem camelôs nas calçadas, Fred, só com o trânsito que se formará no local, é de se esperar um caos e tanto. Aquele canteiro logo se apresentará como um transtorno, mas não sei se seria uma boa ideia retirá-lo. E à exceção da Doca, as demais ruas do entorno são estreitas. Deus nos proteja.
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