quinta-feira, 8 de março de 2007

Efeito Bush

Manifestante, não criminoso (Foto: Diego Padgurschi/Folha Imagem)


A polícia brasileira é essencialmente despreparada e violenta. A violência, para ela, constitui via normal para qualquer atuação — não uma medida extrema, a ser adotada quando indispensável. O rapaz da foto acima não é um criminoso (mesmo que fosse), mas apenas um dos inúmeros manifestantes contra George W. Bush, em São Paulo, hoje à tarde.
Caído no chão, desarmado e cercado por pelo menos seis policiais, é óbvio que está vencido e não representa perigo. Não é o que pensa, todavia, o animal que o chuta com vontade, aplicando a lei do coturno. Enquanto isso, o rapaz de boné tenta chamá-lo à razão, apontando a condição desfavorável do manifestante. Inútil. Não se chama à razão quem não a possui nem compreende.
Não importa o que o manifestante fez. Agora, já está subjugado. Isso, contudo, não faz diferença para os truculentos de plantão.
O senhor da guerra e da violência encontra, assim, um país altamente propício à semeadura da violência contra os cidadãos. Bush veio ao lugar certo para ver gente inocente ser pisoteada. Inclusive literalmente. Não poderia trazer-nos nada além disso.
Enquanto isso, pessoas que tiram seu sustento no comércio informal, no entorno do hotel Hilton Morumbi, estão impedidas de trabalhar. Sensibilizou-me ler matéria na qual uma família escrevia um cartaz para pôr na rua: "Presidente Bush, obrigado pela visita. Nosso país nos impede de trabalhar. Quem vai pagar nossas contas?"
Este é o nosso Brasil varonil!

Atualização em 9.3.2007, às 10h54:
Ontem mesmo a Folha publicou o seguinte:

21h20 - MANIFESTAÇÃO - A Polícia Militar deve investigar se policiais agiram com excesso no confronto com manifestantes que protestaram na avenida Paulista contra a visita do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. O número oficial de feridos da PM era 16 policiais e um manifestante. A Folha Online apurou pelo menos mais quatro pessoas feridas, entre elas um fotógrafo.
"Se" houve excesso. Então tá.

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