segunda-feira, 26 de março de 2007

Uma análise do "Portal da Amazônia"

O magistrado trabalhista José Maria Quadros de Alencar publicou em seu blog uma excelente análise, a partir da visão de um urbanista, sobre o "Portal da Amazônia", aquele projeto graças ao qual o sedizente pretende re-eleger-se. Leia, porque é uma valiosíssima contribuição para todas as pessoas que pensam Belém com visão de futuro — um futuro além de outubro de 2008.
Não entendo do assunto, por isso não direi que apoio o "Via Metrópole", até porque o mesmo foi desenvolvido sabe-se lá com que critérios, na época em que a tucanalha acreditava que seu poderio no Pará duraria os mesmos mil anos que Hitler sonhou para o III Reich. Conhecendo o ideário tucano, que promoveu 12 anos de obras megalomaníacas porém não necessariamente corretas do ponto de vista da funcionalidade — e certamente não quanto à economicidade —, temo que o "Via Metrópole" também seja um equívoco.
Afora isso, a opção pelo "Portal da Amazônia" é, de fato, mais eleitoreira do que solucionadora de problemas. E olha que defendo a construção de uma orla desde criancinha! É um sonho meu. No entanto, não podemos ser românticos e deixar de considerar as prioridades de uma cidade sem dinheiro no bolso, com um povo tão necessitado.
A sandice tucana ficou na cabeça do sedizente prefeito, mesmo que ele tenha abandonado seus padrinhos. A começar pelo nome — "Portal da Amazônia" —, indicando que nós somos a porta de entrada de toda a Amazônia. Arrogante, sem dúvida. Para mim, "Av. Beira Rio" era mais do que suficiente — desde que ela existisse.

2 comentários:

Anônimo disse...

Como diz o ditado popular "de médico e louco, todo mundo tem um pouco", vou acrescentar também um pouco de engenheiro e urbanista.
O prezado magistrado, por não ser da área, não sabe que a equipe de execução do via metrópole, foi de altíssimo nível profissional, e não foi posto em prática por incompetência governamental.
Quanto a obra do portal, o nome não quer dizer nada, o interessante mesmo é tirar as famílias que se encontram na área,das péssimas condições sanitárias, e lhes propiciar uma melhor condição de vida, como foi feito com o UNA.

Yúdice Andrade disse...

Lamento a predileção das pessoas pelo anonimato e, no seu caso, mais ainda, porque isso ajudaria a entender melhor o sentido de seu comentário. Sobre ele, tenho a dizer:
1. Estou certo de que o Alencar, por sua vasta cultura, sabe que o projeto, sob o aspecto técnico, tem grande valor. Ninguém questionou a qualificação de seus autores. Aliás, perceba que o Alencar não emite juízos meramente pessoais, já que se louva na análise de um urbanista. Que me lembre, a imprensa da época só questionou - o que eu acho extremamente pertinente - a conveniência de técnicos estrangeiros estarem à frente, pois uma visão de mundo completamente diferente poderia influenciar o resultado. Por exemplo: japoneses têm dinheiro a rodo para gastar. Assim, podem elaborar projetos monumentais, que lá serão executados na íntegra. Aqui, o buraco é mais embaixo. Que me conste, o "Via Metrópole" é grandioso - e nem poderia ser diferente. Daí que ele não saiu do papel.
2. A propósito, a incompetência governamental a que você se refere é de quem? A meu ver, custa caro politicamente anunciar um projeto que não se tem perspectivas de implementar, desgastando a imagem do governo. Logo, o VM custou caro aos tucanos. Era deles que você falava?
3. O nome "Portal da Amazônia" não é o que realmente informa. Nisso concordamos. Porém, o nome significa muito, sim. Significa o que se passa na cabeça dessa gente, mais interessada em medidas grandiloqüentes, mesmo que elas não sejam eficazes para atender aos reais interesses da população.
4. O que nos leva ao último ponto. Concordo que o essencial é "tirar as famílias que se encontram na área, das péssimas condições sanitárias, e lhes propiciar uma melhor condição de vida". Mas é justamente esse o sentido da crítica: o PA realmente cumprirá essa finalidade ou o projeto, como sugeriu a postagem do Alencar, é acima de tudo uma maquiagem urbana, de parcos efeitos práticos?
5. Ficou-me uma sensação de que você deseja defender o PA. Por que será? Deixei claro que eu sonho, ardorosamente, com uma linda orla para Belém. Logo, eu quero mais é que o PA realmente aconteça. Jamais torceria contra. Porém, o que desejo é que a obra não seja apenas uma maquiagem urbana, e sim que realmente dê dignidade aos moradores do entorno.
6. Quanto a sua afirmação de que a macrodrenagem da Bacia do Una propiciou esses efeitos, concordo em parte. Seria sandice não reconhecer que a situação hoje é infinitamente melhor do que era. Porém, os problemas estão longe de uma solução final. Duvida? Passe pelas ruelas estreitas ao longo dos canais e veja, além do asfalto, a pobreza, o mato, o lixo que continuam por lá. Espaços coadjuvantes da criminalidade... O trabalho ali não terminou. Inclusive por deficiente manutenção, mais uma culpa do sedizente prefeito desta cidade, que não deu uso adequado aos equipamentos que o governo do Estado lhe entregou ainda em 2005.