quarta-feira, 21 de março de 2007

Não destes, certamente

No dia 22 de outubro do ano passado, publiquei uma postagem sobre o perfil dos congressistas brasileiros, de abastados para cima. Há um grupo de milionários no meio. E a pergunta inevitável: essa gente vai representar os interesses do povo? É com o povo que eles se preocupam? Eles, que não andam de ônibus, que têm acesso à saúde, que estudam nas melhores escolas e universidades, a quem nada falta, materialmente falando?
Hoje, deparo-me com reportagem colocando o Brasil em um dos últimos lugares no ranking de representatividade parlamentar das minorias sociais. O óbvio: o Congresso Nacional não representa os brasileiros, especialmente aqueles que mais necessitam de atenção.
Vale lembrar que o vocábulo "minorias" significa, no contexto, grupos de pessoas mais afastadas (alijadas seria mais correto) dos centros de decisão, aquelas que não atuam como sujeitos dos processos políticos, econômicos, culturais, etc., monopolizados pelas elites do país. Servem como meros objetos ou, frequentemente, nem isso, de modo que tais políticas são concebidas ignorando completamente a existência dessas pessoas, em condições de intensa fragilidade social.
No mais, vale lembrar que, quantitativamente falando, as minorias são a maioria da população. Se o que está aí é o Congresso Nacional que nós queremos, precisamos urgentemente redefinir o significado do pronome "nós".

3 comentários:

Anônimo disse...

Mas, "temos" que votar, não é?
Beijos, Cris Moreno

Yúdice Andrade disse...

Na verdade não, querida Cris, já que obrigatório, no Brasil, ao contrário do que se costuma apregoar, não é o voto em si, mas apenas o comparecimento à seção eleitoral. Uma vez lá, posso anular o voto ou votar em branco.
Sempre fui inimigo figadal dessas opções, mas de uns tempos para cá, com um pouco mais de idade e menos de cabelo, e sobretudo por ver os candidatos que se têm apresentado, percebi que os votos nulos e em branco são não apenas uma opção legítima, como também bastante razoável.
O melhor mesmo, se este fosse um mundo justo, era haver ao menos um candidato que nos desse a certeza de que o branco e o nulo realmente não valem a pena.

Anônimo disse...

Você disse tudo. Beijos, Cris Moreno