"Com todas as vênias imagináveis e possíveis, após estudar detidamente os presentes autos, não podemos nos escusar de consignar o mais respeitoso parabéns ao defensor do recorrente uma vez que, em nosso juízo, independentemente do livre exercício do sagrado munus advocatício, o mesmo pode ser também aclamado como o 'Pai' de todos os procrastinadores, eis que, por mais de 12 anos, através de todas as chicanas processuais conhecidas, conseguiu impedir que o réu GERALDO DE OLIVEIRA BRAGA sentasse no banco dos réus do Tribunal Popular e desse sua satisfação a sociedade paraense pelo crime de homicídio encomendado."
Trecho do parecer exarado pelo Procurador de Justiça Ricardo Albuquerque da Silva, nos autos de recurso em sentido estrito da 1ª Câmara Criminal Isolada do Tribunal de Justiça do Estado do Pará. A vítima foi um um mecânico de automóveis, barbaramente assassinado num crime de encomenda. Acima, o nome do réu, contra o qual pesa, também, a acusação de haver encomendado a execução dos irmãos Canuto, um dos crimes mais rumorosos de toda história judiciária do Pará.
O mecânico foi assassinado em 3 de abril de 1990. Daqui a sete dias, completar-se-ão nada menos que dezessete anos. E o réu jamais se sentou no banco dos réus, graças ao ardoroso trabalho de seu advogado.
Não duvido que me critiquem pelo que vou dizer, mas o fato é que não me limito a ensinar técnicas e teorias aos meus alunos. Falo muito em ética e limites. E sempre lembro que nos dois lados da corda há seres humanos. Não admito advocacia como vale tudo. Há colegas que me envergonham, porque por trás de sua retórica cínica de "defesa dos direitos constitucionais do meu cliente" há um bolso endinheirado de onde saem sem parar as moedinhas. E outro bolso, ávido, que não se cansa de agasalhá-las.
É a lógica do pagando bem, que mal que tem? E danem-se os outros.
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