Minha colega de trabalho chegou abalada hoje. Ela é vizinha da criança de apenas seis anos que morreu ontem, de dengue hemorrágica, notícia dos jornais e que promete render. Disse que era uma criança ativa, adorada por toda a vizinhança, por ser daqueles danadinhos boa praça.
A criança não morava na periferia. Muito pelo contrário, morava em um dos mais valorizados endereços da cidade, em plena Av. Nazaré, na ilharga da Praça da República.
Pergunto-me qual o sentido de uma vida ser desperdiçada, no sentido mais dramático da palavra, por conta de uma doencinha ordinária, mais adequada a um país de terceiro mundo caindo para o quarto, do que para uma Nação industrializada que se pretende em desenvolvimento. Uma doença que pode ser evitada através de cuidados simplórios, ao alcance do mais modesto dos cidadãos. Uma doença de pobre, para ser rispidamente claro. Que não existia em Belém, na minha infância e é, por assim dizer, uma conquista relativamente recente de nossa cidade.
Agora que sabemos que dengue mata, inclusive os filhos de setores privilegiados da sociedade (os pais da criança são ambos médicos), será que as autoridades farão alguma coisa?
Minha solidariedade à família. Deus os abençoe e dê serenidade.
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