Você sabe quem é a mulher da foto acima? Não? Darei uma pista: a foto mostra como ela era por volta de 1927.
Continua sem saber? Outra pista: foi uma professora.
Ainda nada? Terceira dica: ela foi a primeira mulher a contrariar uma ideia arraigada, exercendo uma prerrogativa considerada "anárquica, desastrada, fatal" e que "decretaria a dissolução da família brasileira".
Capitulou? Então saiba que a mulher da foto é Celina Guimarães Viana, a primeira eleitora brasileira e de toda a América do Sul.
O voto feminino já tinha sido aventado por ocasião da constituinte de 1890, mas foi rejeitado com base nos argumentos acima transcritos. Acabou instituído no Brasil, pela primeira vez, por meio de uma lei estadual do Rio Grande do Norte (Lei n. 660, de 25 de outubro de 1927), por iniciativa do candidato ao governo Juvenal Lamartine, que o solicitou ao então governador José Augusto Bezerra.
Aprovada a lei, a Profa. Celina foi a primeira mulher alistada. As mulheres votaram pela primeira vez em 5 de abril de 1928, mas seus votos foram anulados pela Comissão de Poderes do Senado. Todavia, em 1932 o Código Eleitoral finalmente consagrou o sufrágio como um direito a ser exercido sem distinção de sexo, por todos os cidadãos maiores de 21 anos. Com a Constituição de 1934, a idade foi reduzida para 18 anos.
É curioso como um avanço democrático como esse ocorreu num Estado nordestino, mais aferrado às tradições de supremacia masculina do que os do Sudeste e Sul, tidos como de vanguarda. Também chama a atenção o fato, mostrado pela imagem, de a Profa. Celina ser uma mulher mulata ou mestiça, demonstrando não terem sido criados empecilhos quanto a esses aspectos para o exercício da cidadania eleitoral.
Nosso reconhecimento às ilustres desconhecidas que, todos os dias, fazem história.
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