segunda-feira, 26 de março de 2007

O valor da ciência

Reprodução de reportagem que pode ser encontrada em http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,AA1300510-5603,00.html


Como os pica-paus podem não ter dor de cabeça depois de passarem um dia todo bicando troncos de árvores? Qual é o critério que leva um besouro a escolher estrume para comer na hora do almoço? Massagens no reto podem curar o soluço? Essas importantes questões foram alvo de muitas horas de estudo, e agora os cientistas que se desdobraram para resolver esses grandes mistérios da ciência foram finalmente reconhecidos. Cada um deles recebeu, nesta quinta-feira, o Prêmio Ig Nobel, uma sátira ao Nobel, entregue anualmente em Cambridge, Massachussets, nos Estados Unidos, por ganhadores do próprio Nobel.
A pioneira pesquisa com os pica-paus, de Ivan Schwab e Philip May, da Universidade da Califórnia, foi premiada na categoria Ornitologia. Os kuaitianos Wasmia al-Huty e Faten al-Mussalam, que mostraram que besouros que se alimentam de estrume são, na verdade, muito exigentes na hora de escolher o que comem, receberam o prêmio de Nutrição.
O Ig Nobel de Medicina foi para Francis Fersmire, da Universidade do Tennesseee, que descobriu que massagear o reto com os dedos é um tratamento eficaz contra soluços. Lynn Halpern, Randolph Blake e James Hillendrand ganharam o Prêmio Acústico. Eles se debruçaram sobre um grande mistério da humanidade: por que as pessoas não suportam o barulho de unhas arranhando um quadro negro?
Os australianos Nic Svenson and Piers Barnes levaram o Prêmio de Matemática ao descobrir quantas fotos é preciso tirar para que ninguém em um grupo pisque. O de Física foi para os franceses Basile Audoly e Sebastien Neukirch, da Universidade de Paris, que desvendaram porque o espaguete seco costuma se quebrar em mais de dois pedaços.
Os resultados do Ig Nobel de Química e Biologia mostram que o queijo é o objeto de pesquisa do momento. O primeiro foi para um grupo de cientistas espanhóis, da Universidade de Valência e da Universidade das Ilhas Baleares, que estudaram a velocidade supersônica do cheddar quando afetado pela temperatura. O segundo, para o holandês Bert Knols, da Universidade Agrícola de Wageningen, que comprovou que a fêmea do mosquito da malária é atraída pelo cheiro do queijo limburguer — e também pelo chulé.
O laureado com o Ig Nobel da Paz foi Howard Stapleton, de Gales, que inventou um repelente de adolescentes — um aparelho que emite um barulho extremamente irritante, que não pode ser ouvido por adultos. Infelizmente, no entanto, Stapleton não pôde comparecer à cerimônia por motivos familiares.
A cerimônia do Ig Nobel 2006 segue as tradições do passado. O limite de tempo de um minuto dado a cada vencedor para fazer seu discurso de agradecimento é rigidamente controlado por uma menina de oito anos. Os espectadores, como em anos anteriores, assistem à cerimônia atirando aviõezinhos de papel no palco — varridos pelo professor de Harvard Roy Glauber, que cumpre a função com diligência há 10 anos, mesmo depois de ter ganhado o Nobel de Física, no ano passado.

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Enquanto isso, no Brasil, não há dinheiro para pesquisa séria. Mas, pelos menos, aqui nóis também se diverte.

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