quarta-feira, 7 de março de 2007

Quem somos nós?

Aconteceu ontem. Professor universitário veterano explicava, durante a aula, que os juízes não podem exercer outras atividades além da magistratura, sendo-lhes permitido acumular, apenas uma função de magistério.
Uma aluna então levanta a mão e pergunta, instalando um clima estranho na turma: "Professor, o que é magistério?"
Chocado, o colega respondeu apenas que era o que ele estava tentando fazer. Para nós, na sala dos professores, desabafou: somos uma categoria tão menosprezada que as pessoas estão se esquecendo da educação como atividade profissional. Desconhecem até vocábulos corriqueiros, associados a ela.
Onde vamos parar?
E o salário: ó... [Polegar e indicador aproximados, para dar noção de tamanho, exiguidade.]

3 comentários:

Anônimo disse...

Yúdice, "noves fora" o que o professor falou, ainda existe o problema do baixíssimo nível do corpo discente de nossas faculdades e universidades. Raro é ver alunos de Direito com boa redação; alguns cometem erros ortográficos crassos e primários - dos semânticos, então, nem se fala.
A realidade é que a formação escolar, no ensino fundamental e médio, está sofrível, inclusive para os filhos da classe média alta. Agora, se nas faculdades de Direito - onde a palavra é o principal instrumento de trabalho - a situação é esta, imaginemos como andam as faculdades de Engenharia, Medicina, Economia, Matemática. O caos, certamente.
Pior é que ninguém leva a sério este debate. Só como exemplo: o Senador Cristóvam Buarque, apoiado em uma plataforma eleitoral que visava alvejar prioritariamente a educação básica, recebeu menos de 3% dos votos da última eleição presidencial. Ontem, dizia ele, em pronunciamento no plenário do Senado, que o PAC da educação, propalado pelo Governo Federal, destinou oito bilhões de reais para melhoria no ensino público. Entretanto, segundo Cristóvam, seriam necessários 60 bilhões, em longo prazo, para tornar real uma revolução na educação brasileira.
Se nossa geração já sente o peso da má-formação das gerações mais novas, que podemos esperar dos formandos de daqui a mais uma década?

Ivan Daniel disse...

rsrsrsrsrsrs
desculpa pelos risos, mas quando o professor em questão contou o acontecido pra minha turma ontem, foi inevitável a gargalhada geral, tanto pela pergunta da aluna quanto pela cara de espanto que o professor reproduziu pra gente.

Yúdice Andrade disse...

Caríssimo Francisco, tudo correto o que escreveste, a começar pela alusão aos erros gravíssimos de Português que os alunos de hoje perpetram, que são realmente assustadores. De fato, o brasileiro não valoriza a educação. E isso não tem a ver com nível de renda. Basta ver que muitos alunos acham um absurdo pagar 50 reais por um livro, mas acham normalíssimo pagar quase isso (ou mais do que isso) por um ingresso de boate. Teatro custa caro, mas futebol não. Não creio que o Brasil progrida enquanto mantiver essa mentalidade.
Ivan, compreendo o riso. Se não me doesse na pele, eu riria também.