Jornais e até blogs começam a subir o tom contra o governo Ana Júlia, considerado inerte até o momento. Os advérbios estão piorando. Honestamente, não sei o que esperavam. Ainda não acabou sequer o terceiro mês. Duvido que, nesse meio tempo, muita coisa pudesse ser feita.
Faz parte do discurso de 11 em cada 10 novos chefes de Executivo dizer que, devido aos desmandos do governo anterior, o primeiro ano é só para botar ordem na casa. Falácia óbvia, essa desculpa cretina esconde as artimanhas a que o novo dono do cofre pode aspirar para si e os seus. Em um ano dá para agir, sim, e quem não o fizer nesse período provará incompetência, más inclinações ou ambas.
Porém, falo de um ano. Três meses me parece um tempo razoável para botar ordem na casa, mormente após 12 anos de oba-oba de um só grupo político. Já foi divulgado o rombo financeiro deixado pelos honestíssimos tucanos, a comprometer a capacidade de investimento do Estado. Sabemos que, por toda parte, desapareceram sem deixar rastro documentos e discos rígidos. Quanto às obras, temos o nó deixado pelo Hangar, p. ex. Quanto aos aspectos operacionais, está prevista para o próximo mês a votação da lei que altera a infraestrutura do governo, reorganizando as secretarias. Só depois disso é que se conhecerá o verdadeiro ritmo do ainda novo governo. Se a partir daí as coisas andarem, as críticas serão de todo justas.
Ana Júlia já cometeu uns tantos erros em sua curta estada no poder, como a nomeação de suas esteticistas para assessorias especiais, atos de nepotismo e uma bisonha utilização de aeronaves. Vá lá. Penso que certos deslumbramentos com o poder podem ser corrigidos.
Da minha parte, tenho visto a polícia nas ruas e me sentido mais seguro, como cidadão. Não sei como andam as coisas nesse quesito fora de Belém, mas a visão do policiamento ostensivo me deixa mais aliviado. A imprensa já apontou uma redução nos crimes, nesse trimestre. Não era uma das respostas que se esperava do governo?
Como diz a cantora Ana Carolina, "hoje eu não vou falar mal nem bem de ninguém". Só quis ponderar que, talvez, haja uma certa pressa entre os críticos. Demos mais três meses e, depois deles, se a re-estruturação administrativa tiver ocorrido (ou, se não, por culpa do próprio governo), terá sentido apontar imobilidade na gestão estadual.
E para os que estão ávidos por atacar Ana Júlia ou o PT, saibam que José Serra, atual estrela maior do PSDB no país, não foi além de 39% de aprovação no seu primeiro trimestre, com índices ainda mais baixos na capital, onde comumemente se sente com mais facilidade a presença do governo. Saiba mais.
Pelo visto, novos governos de pernas quebradas são mais frequentes do que se pensa.
3 comentários:
Inércia deveria ser crime de responsabilidade. Não acha?
Mas, esperemos a ordem na casa, para futuras observações...
Já sou freguês do arbítrio, está adicionado à lista de preferências.
Nota 10!
Abraços
Gracias, Antônio Carlos. Recebo com alegria sua aprovação, visitas e comentários. Outros abraços.
É verdade, caro Yúdice. Se nem em três séculos dá para fazer o que ela prometeu, imagine em três. Impossível, mesmo!
Yúdice, eu faço o seguinte:
Quando não consigo ter certeza de que é possível algo que me estão propondo, fico na minha, não tomo partido, para não ficar com cara de bobo no final. Em se tratando de demagogia, então...
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