terça-feira, 13 de maio de 2008

De novo, o parto

O Diário do Pará de hoje publica matéria sobre o excesso de partos cesarianos, tema que tem sido recorrente aqui no blog. Dentre as informações ali apresentadas, está a de que 70% das mulheres que se submetem a esse tipo de procedimento o fazem por desinformação, embora quisessem o parto normal. Trata-se de um dado preocupante e que traz à baila, novamente, a (ir)responsabilidade de médicos em torno dessa decisão.
Se você não dispuser do jornal impresso, para ter acesso à reportagem confira a edição eletrônica, porque na versão tradicional, cujo conteúdo é restrito, ela simplesmente não aparece. Deve ser porqur não foi considerado importante. Isso já é sintomático, segundo penso.
Abaixo, um quadro com o número de partos antinaturais, em confronto com a recomendação da Organização Mundial de Saúde.

7 comentários:

shelhass disse...

oi professor!
caramba, isso é uma coisa que eu não entendo. Porque fazer cesaria?

E essa desculpa de falta de informação é meio que... bom, se a pessoa faz pré-natal o médico tem que dizer que o parto normal é melhor não?

Pelo menos é o que a minha mãe explica!

Anônimo disse...

Você faz essa intensa campanha contra as cesáreas porque nunca sentiu - nem vai sentir - a terrível dor de um parto normal. Falo com conhecimento de causa, pois tive minha primeira filha assim. Agora que estou grávida novamente, já decidi: terei meu filho com a tranqüilidade de uma cesariana. E nem por isso o amarei menos do que a minha filhota.

Helena Paiva - Umarizal - Belém

Yúdice Andrade disse...

Shelha, um bom médico, cioso de suas responsabilidades, sempre deve apresentar ao paciente todas as alternativas para o seu caso, deixando a este a decisão. Que seja uma decisão consciente.
Infelizmente, no caso dos partos, muitos médicos induzem as gestantes à cesariana porque é conveniente para eles, que não precisam ficar à disposição. É só chegar, operar e tchau. É isso que condeno.

Cara Helena, faço, sim, uma intensa e ardorosa campanha pelo parto normal. E acho muito chato esse argumento que me desqualifica porque sou homem e não passarei por isso. Como se eu não pudesse ter opinião a respeito.
O que me leva a defender o parto normal é a ciência médica, não o meu gosto pessoal. Pessoalmente, eu não prefiro nada. Se a Medicina diz que o parto normal é melhor por inúmeros motivos, eu acredito. Esta é uma posição oficial no mundo inteiro e me parece mais do que suficiente para eu encampar a tese.
Se não posso opinar, saiba que minha esposa, do alto dos seus seis meses e meio de gestação, é ainda mais radical do que eu em relação ao assunto. Escolhemos nosso médico pela responsabilidade que tem em fazer de tudo para evitar a cesariana.
Jamais disse ou diria que o tipo de parto compromete o amor da mãe por seu filho. Isso seria uma asneira. Pode comprometer a saúde, mas isso é uma questão de loteria. Errado, qualquer parto pode dar. É uma questão de estatísticas. Folgo em saber que seu primeiro parto foi bem sucedido e torço para que o segundo também o seja, mesmo diante de sua opção.
Por outro lado, recrimino as gestantes que fazem opção baseada na conveniência própria, em detrimento do bebê. Quanto ao medo de dor, é desinformação. Há muito obscurantismo neste assunto, por incrível que pareça.
Finalmente, cidades como a nossa estão atrasadíssimas em matéria de parto humanizado, cuja popularização seria de grande valia para mudar a atual conjuntura de desinformação em que vivemos.

Ivan Daniel disse...

Me disseram que antigamente o valor pago pelos planos de saúde aos médicos por uma cesárea realizada era muito maior do que por um parto natural, mas que hoje o valor é o mesmo. Então por que tanta cesária?
A minha experiência recente me diz que é por pura comodidade aos obstetras. Nenhum deles tira seu sustento só de partos. Eles também têm suas consultas em consultórios particulares e/ou na rede pública e alguns têm aulas a dar. Tudo demanda tempo, horário a ser cumprido, e é aí que entra a preferência pelo parto cesariano. A comodidade de marcar com antecedência dia e hora de um parto facilita a vida deles.
Durante nossa gravidez ano passado achava muito estranho o pré-natal desde o começo ser direcionado pra uma futura cesárea. Por mais que nós falássemos que o parto normal era a preferência, a médica sempre dizia que só no final da gestação saberíamos o tipo de parto. E continuava o acompanhamento pré-natal com nítida tendência à cirurgia como melhor opção.
Não são todos os obstetras, claro que existem exceções, mas é verdade que o tipo de parto mais adequado só sabemos no final da gestação, porque por mais que tudo caminhe bem, que a gestação se desenvolva sem nenhum problema, podem ocorrer várias situações de risco nas duas últimas semanas gestacionais que impossibilitem o parto natural.

Andréa Miranda disse...

Oi Yúdice,
Sem dúvida o parto normal, o nome já diz, deveria ser o normal para todas as mulheres.

Ao contrário de alguns médicos que insistem pelo parto cesariano, muitos médicos, principalmente da rede pública, insentivam o parto normal e, levam isso até as últimas consequencias. Existem muitas mulheres que não tem condições de ter parto normal, eu sou uma delas (pelo menos no caso do João) eu queria pq queria que o João nascesse de parto leboiê. Conclusão: Eu não tinha condições físicas de tê-lo da forma como sonhei e, por conta do meu sonho, ele quase morre.
A maioria das crianças que eu conheço que tem paralisia cerebral foi por causa do parto normal pois o bebê passou da hora de nascer.
Acompanhamento rigorso é fundamental durante a Gravidez. É preciso ter muito cuidado com o modismo que está virando o parto humanizado.

Yúdice Andrade disse...

Caro Ivan, o nosso médico tem a mesma postura: sempre que se fala em parto normal, ele dá uma refugada. Mas como duas pessoas diferentes o indicaram como exemplar de profissional que aprecia tal modalidade, confiamos nisso. Acredito que essa atitude seja uma forma de conter a ansiedade das gestantes. Se eles nada dissessem, talvez elas se convencessem, por sua conta e risco, de que o parto seria normal e, se ao final da gestação isso não fosse possível, talvez surgissem atritos com o médico, além de uma frustração maior.
Considero, portanto, prudente o médico deixar sempre claro que há uma certa loteria nisso e que a decisão só pode ser anunciada na hora H. O resto é a confiança que conseguimos estabelecer com ele, que advirá, dentre outros fatores, do modo como ele se apresente para nós e nos esclareça sobre a situação e opções que temos.
Ao lado disso, dentre as mulheres que conheço que desejavam parto normal, a maioria acabou mesmo na mesa de cirurgia. Placentas prévias, cordão umbilical trançado, perda de líquido súbida são alguns fatores apresentados. Isso me leva a pensar que, de um modo geral, somos hoje muito mais propensos a doenças em geral do que antes, o que poderia explicar uma maior necessidade de cesarianas. Não sei se procede, é apenas uma especulação.
Abraços.

Que honra imensa sinto de ser lido e de obter um comentário de ninguém menos que D. Andréa Miranda! Ganhei meu dia!
Minha querida, tua experiência como mãe e como estudiosa de pessoas com necessidades especiais (é esse o termo?) nos auxilia, pois se a preocupação é com a saúde - do bebê e da mãe -, é óbvio que precisamos levar em consideração todos os fatores, inclusive o que mencionaste.
Por falta de prática, não tinha pensado no aspecto que mencionaste. Obrigado por me alertar. Procurarei saber mais a respeito para escrever sobre.
Felicitações a toda a família.

Polyana disse...

Bem, como minhas opiniões sobre o parto normal x cesária já foram muito bem defendidas por meu marido, só posso dizer que, ciente de que existe a possibilidade de precisar de uma cesárea, não serei contrária a ela. Mas ela será feita diante de necessidade, e não de preferência ou opção. Muita gente me diz que sou corajosa por querer parto normal. Mas não. Sou é medrosa pra uma cesárea. Tenho medo de ter uma recuperação problemática, lenta e dolorida, porque já fiz cirurgia antes e sei o quanto um corte no abdômem dói e atrapalha a vida cotidiana de pós-operatório. E, justamente neste momento, em que minha filhinha estará ali, precisando de mim, eu estarei debilitada por causa de uma cirugia SEM NECESSIDADE? Negativo. Prefiro o parto normal por conta de sua recuperação mais curta e tranquila, pra estar bem disposta para cuidar da minha filha recém nascida. E, mesmo que haja e necessidade de fazer parto cesariano, não marcaria o dia por pura conveniência, preferiria esperar ela pedir pra nascer. Só posso pedir a Deus que me permita realizar o parto de uma maneira segura e tranquila, e vou pedir também que a Helena não se arrependa da escolha; que seu pós-operatório seja tranquilo e rápido, pra você poder se dedicar à sua filhota de corpo e alma, como mães sortudas que me relataram um pós-cesariana praticamente indolor e light.
Polyana
P.S.: vale ressaltar que o índice mostrado na tabela do post é de partos normais na rede pública. Na rede privada, esse número passa de 80%(!).