sábado, 3 de maio de 2008

Vozinha ao volante


A simpática velhinha da fotografia acima se chama Anna Variani e mora no Município gaúcho de Bento Gonçalves. Aos 97 anos de idade, acabou de renovar a carteira de habilitação.
Tomei conhecimento do caso em uma aula que ministrei esta semana, quando falava sobre crimes de perigo e citei, como exemplo, o delito de direção perigosa. Um aluno então pediu minha opinião sobre a renovação da habilitação de Vó Anna, por considerá-la um ato de irresponsabilidade do DETRAN. Desconhecendo o caso, não pude emitir nenhum juízo, senão a obviedade de que, se a habilitação foi renovada, deduz-se que o DETRAN tenha considerado a motorista apta, após os testes de estilo.
Fico sabendo, agora, que Vó Anna somente poderá dirigir o seu famoso Fusquinha em situações de emergência. A julgar pela foto, ela não parece muito contrariada.
Não acho que uma pessoa deva perder direitos — p. ex., o de dirigir — apenas por conta da idade. Os tempos mudaram e os idosos de hoje não são iguais aos de minha infância. Assim como os idosos daqui a dez anos serão bem diferentes dos de hoje, mais afeitos à tecnologia e mais bem adaptados às necessidades de seu tempo. Naturalmente, nada pode deter o desgaste natural do organismo, mas isso serve apenas para mostrar a importância da individualização: a máxima "cada caso é um caso" é uma verdade e deveria ser sempre lembrada.
Há idosos capacitados, saudáveis e atentos o bastante para dirigir. Por outro lado, em meus caminhos diários a esmagadora maioria dos motoristas que passam por mim, a julgar pela aparência, estão abaixo dos 60 anos — e muitos deles são uma ameaça à vida humana. Estes sim é que deveriam ser banidos das ruas. Mas para isso não há nenhum critério, certo? O teste psicotécnico ainda é apenas pró-forma.
Infelizmente.

Nenhum comentário: