quarta-feira, 21 de maio de 2008

Sobre grandes erros e feridas abertas

Em dezembro de 2006, fiz uma série de postagens sobre erros judiciários ou afins no Brasil. Uma delas versava sobre o caso da Escola de Educação Infantil "Base", ocorrido em 1994, que se transformou na maior nódoa da história da imprensa brasileira. Aliás, nódoa é pouco. As marcas deixadas foram tantas que, hoje, bem ou mal, os jornalistas que esperam se dar ao respeito tentam conter maiores arroubos, como se viu no caso Isabella Nardoni — a imprensa criou todo um circo midiático para a condenação sumária do pai e da madrasta, mas de viva voz não se dizia que eram culpados. As reportagens eram uma sucessão de eufemismos.
Ontem à noite, um trio de dedicados alunos fez uma exposição, em sala de aula, sobre o crime de calúnia, tomando como referência, a meu pedido, o caso da Escola "Base". Dou-lhe os nomes: Délcio Fernandes, Tâmisa Rodrigues e Tayla Guilhon. Durante uma semana, procuraram-me algumas vezes, pedindo orientação para a montagem do trabalho. Esforçaram-se, de fato. Conseguiram inclusive localizar e adquirir um documentário sobre o caso, que exibiram à turma, para reforçar a exposição oral que fizeram, muito elegantemente, auxiliados pela apresentação no data show.
Há alunos que fazem trabalhos porque disseram que fariam. Outros fazem porque têm a consciência de que isso tem valor — para si próprios, para a turma, para o professor. Louvo a responsabilidade, o comprometimento, a inteligência e a educação da tríade acima. Não é a primeira vez que saio assim satisfeito e certamente não será a última.
É muito bom concluir uma tarefa sabendo que a turma teve todas as condições de compreender aprofundadamente o tema do dia.

2 comentários:

Unknown disse...

Para alguém que já ministra aulas há um bom tempo, o Sr. deve saber que geralmente os alunos tratam com indiferença os trabalhos que lhe são expostos por seus amigos. Sem hipocrisia alguma, confesso que muitas vezes deixei de dar o valor merecido a alguns trabalhos que assiti, o que pode ter sido uma perda irreparável. Mas, o que os tres amigos apresentaram na noite de ontem realmente marcou. Jamais me senti tão presa a uma apresentação, tão ávida a não desgrudar os olhos e ouvidos do que era exposto. Parabenizo os três e agradeço ao Sr. pela ideia louvável.

Maíssa.

Yúdice Andrade disse...

Tuas palavras me botaram muito pensativo, Maíssa. Pensei em escrever a respeito, mas é coisa que exige maior reflexão. Talvez deixe para as férias, inclusive para ninguém achar que estou mandando recado. Mas fico feliz que tenhas essa percepção. É um grande passo, sem dúvida. Abraços.