Já me chega a primeira reclamação sobre o Exame de Ordem, realizado ontem. Nada quanto ao conteúdo, mas quanto a um aspecto secundário que, no entanto, tem o poder de atrapalhar — e muito.
Candidata que realizou a prova disse que era obrigatório usar caneta preta. Ok, sabemos que tem a ver com o equipamento que fará a leitura dos cartões-resposta e que não "enxerga" todas as cores. Explicado. Mas essa tecnologia já podia ter sido melhorada, não? Isto, contudo, também é secundário. O mais significativo é a medida tomada para coibir colas: a caneta precisa ter o cano transparente, a fim de impedir que alguém coloque algum papelzinho dentro.
A candidata em questão acabou de me mostrar a caneta que levou: é transparente, mas tem duas finas faixas de plástico, dos dois lados. Entre elas, tudo é transparente, a maior parte da superfície. Portanto, interpretando a norma teleologicamente, poderia ser usada, porque dava para ver o seu interior. Mas a responsável pela sala proibiu o seu uso, porque a caneta deveria ser totalmente trasparente.
Esse é o típico exemplo da norma burra, que serve para irritar, mas não atende a nenhuma finalidade útil. Na prática, faz o candidato perder tempo e o deixa nervoso, prejudicando seu desempenho.
Se o problema não for exatamente da norma, é de sua execução e, nesse caso, a fiscal de sala não estava preparada para a tarefa assumida. As consequências práticas são as mesmas. Em uma hipótese como em outra, a culpa é da organização do evento, o famigerado CESPE/UnB.
Naturalmente, quando os opositores do exame foram fazer suas críticas, levarão em conta
essas baboseiras, compreensivelmente, desviando o debate do que realmente importa. Uma organização mais eficiente e menos turrona ajudaria a compor um ambiente mais favorável para a realização de uma prova que, vale lembrar, tem efeitos sérios sobre a vida de muitas pessoas.
2 comentários:
Dura lex, sed lex. Vamos cumpri-la e deixar os esperneios para os incompetentes e despreparados.
Arrogante você, não, anônimo? Julga todo mundo assim, baseado em quê? No seu próprio sucesso?
Vou lhe dizer algo na condição de professor: procuro elaborar provas com bom nível de dificuldade. Não simplifico as coisas, pois o aluno médio estuda na medida em que é exigido. Mas daí a criar dificuldades tolas, vai uma longa distância.
Eu não impeço aluno de ir ao banheiro durante a prova, raramente fiscalizo materiais e não invento um monte de regras. É para o aluno fazer a prova e pronto. Quando criamos essas exigências tolas, dificultamos todo o processo, em um nível que não tem nada a ver com aprendizagem, competência ou capacidade.
Era o que eu pretendia sustentar na postagem. Mas você não foi capaz de perceber isso.
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