Aficcionado pelo seriado ER (Plantão Médico, no Brasil) — um sucesso exibido em 15 temporadas —, tive a oportunidade de ver, em mais de uma ocasião, situações esdrúxulas nas quais pessoas recusavam tratamento pelos mais variados motivos. Podia ser pela fé em tratamentos alternativos sem a menor comprovação científica, podia ser até mesmo por uma paranoia conspiratória.
Há um episódio, p. ex., em que uma criança recém chegada da África apresenta sinais de sarampo, para estupefação da equipe, que jamais vira um caso de sarampo anteriormente. Não existem essas doenças no Hemisfério Norte, exceto talvez pelas bandas da Europa Oriental e Ásia. Na série, os médicos têm alguma dificuldade para chegar ao diagnóstico e mais ainda para se convencer dele. O motivo do fato insólito: os pais da criança não acreditam nos programas de vacinação. Acreditam que eles são apenas uma conspiração do governo para colher material genético de toda a população, com fins espúrios. Mais Arquivo X, impossível.
Vendo os episódios, ficamos com a sensação de que esses acontecimentos aberrantes compõem tão somente o universo de uma série dramática. Mas eis que, na Austrália, um casal acabou de ser condenado a dez anos de prisão por homicídio culposo. Motivo: trataram o filho, um bebê de nove meses, exclusivamente com homeopatia, num caso de eczema (espécie de doença dermatológica). A criança acabou morrendo de septicemia e subnutrição. E o pai era médico.A homeopatia é um procedimento controverso. Respeitadíssima por muitos, desacreditada por outros tantos, principalmente por médicos. Seja como for, neste caso particular, não deu certo.
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