sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Das prioridades ou dos calos no pé

Assim como são as pessoas são também as criaturas. Recordo-me da expressão que aprendi nos tempos de faculdade, que tanto me divertia, quando vejo as reações raivosas, convulsionadas, vomitórias de alguns cidadãos por conta da postagem "Doutor é quem faz doutorado", aí embaixo.
É de morrer de rir.
Se eu tivesse ofendido alguém em termos de baixo calão ou manifestado opiniões sexistas ou racistas, talvez não fosse tão mal recebido. Pergunto-me o que teria sido capaz de atingir tão duramente os meandros das almas dos revoltosos...
Como já dizia Caetano Veloso (foi ele, não foi?), cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é.
Meus amigos, um bom dia. Estive ocupado preparando uma palestra, que ministrei ontem. Agora o blog deve retornar a sua normalidade. Ou pelo menos assim espero.

6 comentários:

Lafayette disse...

Então vamos de Mario, em "Canções" (1946):

CANÇÃO DE VIDRO (Mario Quitana)
"E nada vibrou...
Não se ouviu nada...
Nada...

Mas o cristal nunca mas deu o mesmo som.


Cala, amigo...
Cuidado, amiga...
Uma palavra só
Pode tudo perder para sempre...

E é tão puro o silêncio agora!"

Boa sexta-feira!

Vladimir Koenig disse...

Realmente, Yúdice.
Parece que ser chamado de doutor ou qualquer outra coisa é que torna a vida de alguém menos medíocre. Só pode ser esse o motivo da sanha desenfreada em ser tratado de forma diferente dos outros e pelos outros. Na verdade, não vejo porque tanta justificativa para o bacharel em Direito fazer tanta questão de ser chamado de doutor. Afinal, pelo menos em Belém, para ser doutor, basta estacionar um carro em qualquer rua para o flanelinha chegar logo dizendo "posso ficar de olho, Doutor?". Viu?! Basta ter um carro pra virar doutor. Nem precisa se dar ao luxo de cursar medicina, direito etc. :^)
Abraços,
Vlad.

João Paulo disse...

A questão não é ser ou não ser chamado de doutor, até porque, como já escrevi aqui não mede a capacidade profissional de ninguém. Mas pura e simplesmente, respeitar aqueles que têm uma opinião diferente, (no meu caso, como já frisei, não faz a mínima diferença) ou até que essa formalidade seja abolida.

O que não se pode e não se deve é tachar os outros de "mané" só porque discordam do sapientíssimo doutor Yúdice. É muita arrogância e falta de respeito com os demais profissionais. Jactar-se como o dono da razão e da verdade não é exemplo para um professor, ademais em curso como o de Direito, que não é uma ciência exata, onde teses e paradigmas convivem com divergências, mas nunca como definitivas.

Aproveito para me solidarizar com aqueles que pensam diferente e que foram acidamente atacados.

A humildade não é doutora, mas poucos a têm.

Yúdice Andrade disse...

Quintana é maravilhoso, Lafa. Tenho uma antologia dele aqui em casa e, volta e meia, gosto de mergulhar em seus versos. Valeu a dica de poema.

Verdade, Vlad. Certa vez, contaram-me acerca de uma cidadã que fora minha contemporânea na UFPA. Ela teria declarado que fazia advocacia de porta de cadeia para ter a satisfação de ser chamada de doutora por alguém. Estava desinformada quanto aos menores sinais exteriores de capacidade econômica, que mencionas. Já fui chamado de doutor por estacionar um carrinho de motor 1.0 e dele saltar de bermuda, camiseta de malha, sandálias e barba por fazer. Um nojo. E mesmo assim mereci o título...

Então já que a questão é essa, caríssimo João Paulo, permita-me mudar o foco. Pergunto: você acessaria um site humorístico para criticar o dono dele por fazer piadas?
Veja bem o nome deste blog. Veja que chamo a mim mesmo de "arbitrário". Pondere que este é um blog de opinião. Precisamos mesmo desse escarcéu todo por causa do termo "mané"? Tanto alarde por tão pouco! Espero, então, que você não seja fumante, pois as postagens que já produzi sobre fumantes, por seus termos e ideias, fariam você assassinar as 30 primeiras pessoas que cruzassem seu caminho. Velhinhas indefesas inclusive.
Um blog exercita a opinião do seu dono, doa a quem doer. E ao dizer isso já lhe dei muito mais explicação do que devia.
Quanto às novas agressões pessoais, são mais infantis do que a ideia principal.
Minha recomendação (que há tempos não fazia a ninguém): vá tomar os seus remédios. Os meus foram ingeridos agorinha.

João Paulo disse...

O.K., Yúdice; Dou por encerrada a presente questão, visto que seus argumentos encaminham-se para a chacota. Não sou acostumado com isso, a não ser em mesa de bar. Com todo respeito, peço sinceras escusas pela minha opinião diversa da sua e espero um dia podermos conversar pessoalmente - quem sabe numa mesa de bar.

Quanto aos fumantes, respeito sua opção e não vou entrar no mérito, haja vista, que todos são iguais perante a lei, inclusive eles. E não concordo com a referida lei, pois inconstitucional o é. E se eu fosse fumante e um igual viesse dar uma de fiscal, extrapolando os limites legais, desculpe o trocadilho: a cobra iria fumar.

Por favor passe uma receita, ou melhor, os nomes dos remédios para que eu possa doar para um vizinho que sofre (coitado) de transtorno bipolar.

Um bom domingo!

Sds,

Yúdice Andrade disse...

Discussão encerrada então, João Paulo! Mas preciso te dizer uma coisa: gostei de ti. Mesmo sendo tão grande a nossa divergência e dura a forma como foi exteriorizada, no final tiveste uma delicadeza de trato que merece ser reconhecida, respeitada e seguida por mim. Peço perdão pelo mau jeito, mas sustento as opiniões emitidas, em seu mérito. E, sim, acho que seria interessante bater um papo pessoalmente, mesmo que numa mesa de bar, se concordares em que eu tome apenas Coca Cola. Tira gosto, tudo bem, mesmo acima do peso e com gastrite. Só me permite, nesse dia, que eu fiscalize o cumprimento da lei antifumo, que a meu ver nada tem de inconstitucional, como se pode demonstrar por comparações com inúmeras outras leis restritivas da liberdade individual, fundamentadas no interesse público, no conforto ambiental, na saúde de terceiros, na segurança do trânsito, etc.
Pode deixar que, nesse dia, tratarei apenas com o dono do estabelecimento e não com o fumante, pois estes costumam ser violentíssimos, já que não têm razão alguma.
Quanto ao remédio, não pensei em bipolaridade, mas apenas num tanto de estresse.
Um ótimo domingo, meu caro. Um abraço.