quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Chuva nossa

No final da tarde de ontem, uma chuva à altura de Belém do Pará. Uma tempestade. Lamentei muito não estar só de calção usufruindo dela. Onde me encontrava, escutava o ruído intenso da água vergastando o mundo. Para muita gente, contudo, uma tormenta no outro sentido da palavra. Afinal, definitivamente, Belém não está preparada para um aguaceiro desses, diga o que disser a publicidadezinha ordinária da Prefeitura. Basta ver os alagamentos que surgem por toda a parte, tornando ainda mais o caótico, que contava com 12 — isso mesmo, 12! — agentes de trânsito nas ruas! As consequências são óbvias.
Quando fui à rua, a precipitação já se reduzira a uma chuvinha fina. Porém, ao passar pela confluência da Nove de Janeiro com a José Malcher, o cenário era de um grande lixão. O alagamento alcançou as lixeiras (e provavelmente os sacos largados em calçadas). Ao escoar a água, o lixo estava espalhado por toda parte. Uma visão lamentável, em pleno centro. Naturalmente, isso não é nada perto do sofrimento de quem mora na periferia e precisou enfrentar coisa bem pior.
Aguardemos o próximo filminho patético da prefeitura, para conhecermos as gigantescas ações que estão sendo feitas para suportar o período chuvoso. Prefeitura de Belém: tá fazendo bem. Bem água.

2 comentários:

Frederico Guerreiro disse...

E isso é só o começo do período chuvoso. O pior é que a própria população joga lixo nas ruas (ver o canteiro da P. Álv. Cabral), joga lixo mal acondicionado e antes do horário da coleta, etc, etc, etc. Para isso a prefeitura não se presta para multar. Arrecadar com o trânsito é bem mais fácil e "lucrativo". Falta autoridade pública.

Yúdice Andrade disse...

Toda razão, Fred. Temos que vencer isso que me recuso a chamar de "elemento cultural" do paraense. Jogar lixo na rua não é cultura; é uma violação do mais básico bom senso, quase do senso de humanidade.
Já que falaste em falta de autoridade pública, recordo-me de que Edmilson Rodrigues regulamentou, por decreto, ainda no seu primeiro mandato, uma previsão do Código de Posturas, a respeito de cobrança de multa por jogar lixo e entulho na rua. Conseqüência? Meteram o pau nele. Os vereadores, claro, maioria de oposição, ficaram contra. Onde estava o interesse público nessa hora?
Se as pessoas com um mínimo de bom senso tivessem fechado questão em torno da iniciativa da prefeitura, hoje, passados mais de oito anos, poderíamos ter avançado um degrau na civilização. Mas não foi isso que aconteceu. Anos se passaram e continuamos estagnados.