terça-feira, 11 de dezembro de 2007

O povo alemão

Como tenho simpatia pelos alemães desde os meus tempos de Casa de Estudos Germânicos, compartilho convosco o e-mail falando deles que me foi enviado por uma amiga, cuja filha está morando naquele país.

Em recente excursão que fiz pela Europa, reparei que os alemães são um povo muito estranho. Não queremos gente assim no Rio e em São Paulo para tolher o nosso cotidiano animado e esperto. Listei a seguir atitudes escandalosas e deformadoras que eles adotam:
- Os metrôs da Alemanha não têm catraca; se você quiser você compra o bilhete, mas não há ninguém a quem possa mostrá-lo. Ninguém se interessa por isso, se você comprou ou não o bilhete: vê se pode...
- As bicicletas ficam soltas nas ruas, com cadeado, mas sem estarem amarradas a nada. E eles ainda construíram um monte de ciclovias em que só bicicletas trafegam.

- Incrível: os alemães param nos sinais vermelhos a qualquer hora, mesmo de madrugada, quando não há qualquer carro vindo com o sinal favorável a ele.
- Pedestre nenhum atravessa uma rua enquanto o sinal não ficar verde para ele. Ficam ali, de bobeira, enquanto o mundo roda, e se por acaso você inadvertidamente pisar na faixa de pedestre enquanto o sinal ainda está verde para os carros, todos param (mesmo você estando errado) para você passar. Que absurdo!
- Não há limite de velocidade nas estradas (apenas uma recomendação para não ultrapassar 130 km/h. Ah, e desperdiçam cimento, porque as estradas têm 70 cm de espessura de puro concreto.
- E tem mais: nelas, todos os carros andam na pista da direita e as à esquerda ficam livres para os carros mais apressados. Um espanto de desperdício.
- Nesse país esquisito, os caras têm mania de estudar. Para se adquirir a carteira de motorista passa-se quatro anos numa escola que, para os jovens, é parte do colégio.

- O governo que essa gente elege não cobra pedágio e está sempre fazendo obras nas suas estradas ociosas, modernizando-a mais ainda, não se sabe para quê, nem com que dinheiro.
- A periferia de todas as grandes cidades são desperdiçadas com jardins e florestas improdutivas, ao invés de destiná-las a usos mais racionais, como lixões, por exemplo...

- Os caras fabricam uns carrões, tipo Mercedes, BMW, Audi, etc, e ainda importam uns Rolls-Royce, Bentley, Ferrari, etc, não blindam nenhum deles e ainda os deixam nas ruas à noite. Tem malucos cujos carros, conversíveis, ficam ali, em qualquer lugar - exceto sobre calçadas, não sei por quê, estacionados de capota recolhida...
- Essa é incrível: os caixas automáticos dos bancos ficam nas calçadas! Sem ninguém tomando conta, e funcionam dia e noite. E entra dia, sai dia, nenhuma desaparece.
- A gente saía à meia noite para passear na praça e não via nenhum assalto para quebrar a monotonia.
- As ruas são limpíssimas, nem um papelzinho ou uma bituca de cigarro jogados no chão. Pobres garis... Quantos devem estar desempregados e passando fome na Alemanha!

- O que de repente desaparece nas grandes cidades são os carros. Eles vêm vindo, vêm vindo e no meio do quarteirão, eles dobram à direita e somem. Disseram-me que somem em edifícios-garagens ou em garagens subterrâneas dos próprios prédios. Não se vê um parado na calçada atrapalhando o tráfego.
- Os jornais do dia ficam empilhados ao lado de uma caixinha com uns dinheiros... Você acredita? Não tem ninguém cuidando. O cara vai lá, pega um jornal e põe mais dinheiro na caixinha. E ninguém rouba o jornal e muito menos leva a caixinha da grana. Que gente burra!
Ainda bem que a excursão acabou e estamos voltando para a nossa civilização: O BRASIL!!


Clichês à parte, vale a pena pensar no abismo cultural entre as duas nações. Não temos o mesmo dinheiro. Mas podíamos ser mais civilizados, não podíamos?

10 comentários:

Sergio Lopes disse...

yudice, vai ver esse aprendizado esta vinculado as atrocidades que eles cometeram em um passado não muito distante. Deve ser issso caro amigo, agora vamos combinar que uma terra destas, para quem tá acostumado com o nosso Brasil seria muito monótono. O Brasileiro é igual urubu do ver-o peso gosta de estar na sacanagem, não iria se adaptar a esse marasmo.... Brincadeira amigo, eu já estou camuflado esperando os tiros que virão em minha direção depois deste comentário.
abraço.

Yúdice Andrade disse...

Não vão, não, Sérgio. Dá para perceber que é brincadeira.
Mesmo assim, aproveito para dizer que, em meus tempos de Casa de Estudos Germânicos, fiquei sabendo que os alemães ainda se sentem muito culpados, perante o mundo, pelos horrores da II Guerra, por isso se esforçam em apagar essa imagem.
A estratégia que usam são os elevados investimentos a fundo perdido em países pobres (ou "em desenvolvimento", como o Brasil) e a receptividade a estrangeiros, que para lá se dirigem a fim de estudar - embora eu suspeite que eles não gostem muito dos imigrantes que vão atrás de trabalho. Mas disso os europeus em geral não gostam. Basta lembrar o caso dos dentistas brasileiros em Portugal.

Anônimo disse...

Casa de Estudos Germanicos em Bel:
Ich war da , auch . Yudice
Auf wiedersehen
Tadeu Schumann de Lima
um pé em Hamburg , o outro em Tianguá no Ceará.

Frederico Guerreiro disse...

Absurdo mesmo. O asfalto com 70 cm de espessura de puro concreto, então... Deve ser por causa do A380. Que absurdo!
Tomara eles venham ver a engenharia de ponta da Estrada da CEASA, para ver se aprendem alguma coisa.
Que povinho medíocre, ein?
O que eles precisam é andar de carro pelas estradas do Brasil, para ver se aprendem a sambar.

Anônimo disse...

Querido Professor, lhe confesso que não tenho lá essas simpatias pelos alemães, enfim, o senhor deve imaginar o porque. Contudo, não posso deixar de admitir que eu Europa são outros 500 e estão a 5000 km de distância da nossa educação.
Um abraço.

Yúdice Andrade disse...

Ich wünsche Hamburg in diesen Leben kennenzulernen, Herr Schumann. Mas Tianguá deve ser bem legal, também, Tadeu.

Dá uma chance para eles, Laila. Estão se esforçando.

morenocris disse...

Boa noite, Yúdice, matando saudades.

Este comentário é para a Laila, com carinho:

http://br.youtube.com/watch?v=qOVwokQnV4M

J.S. Bach - Air on the G String, Sarah Chang

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Friedrich_Nietzsche

“Signos de sangue escreveram eles sobre o caminho que seguiam, e seu disparate ensinava que com sangue se prova a verdade. Mas sangue é a pior testemunha da verdade; sangue envenena ainda o mais puro ensinamento, em delírio e ódio dos corações. E se alguém passou através do fogo por seu ensinamento – o que prova isso! Mais vale, em verdade, que de seu próprio incêndio saia sua própria doutrina”.
Zaratustra – Nietzsche

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_Europa

História da Europa.

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São alemães(Bach e Nietzsche), Laila. Você assistiu ao filme Lista de Chindler?

Não são só outros 500 amiga. Pense antes de 1500. O que existia(História da Europa)?
E tem muita água e passado entre nós. Não se torture tanto com eles. Pense na época de nosso descobrimento. Os nossos índios. Pois é...os nossos índios!
Perdoa-me Laila. Minha intenção é tentar te mostrar que dentro do belo existem pontos preto.

Beijos.

Você vai amar Bach. E Nietzsche, então! Mas tem muitos outros tesouros que você nem imagina! Ah! A Alemanha de hoje é linda, tem tudo isso.

Mas, vamos fazer a história do nosso país? Penso assim! Sempre!

Gostei de conversar com você, Laila. Gosto de seus comentários aqui, no Yúdice.

Beijinhos aos dois.

Anônimo disse...

Olá, sou portuguesa e estive à duas semanas em Berlim. Concordo, os alemães são muito civilizados, é de admirar. No entanto são extremamente antipáticos, principalmente com os estrangeiros, embora haja exepções - o pessoal mais novo já é mais simpático. A cidade é muito parecida com Lisboa, mas muito mais tranquila, sem o tráfego infernal, mais segura e limpa. Outra coisa interessante é que ao contrário do que eu pensava, as coisas são mais baratas do que em Portugal (tendo em conta q sao mais endinheirados, concluo q se deve viver bem por lá). A comida, meu deus! Que desgraça. Mas foi interessante, gostei bastante.

Deutschland ist so ganz toll! xD

Mariana

PS - Tbm já estive em Alter do Chão. =)

Yúdice Andrade disse...

Olá, Mariana. É uma honra e uma alegria receber um comentário vindo de tão distante, ainda mais considerando que esta postagem já é antiga para os padrões "internéticos". Pergunto-me como você me encontrou.
No mais, vivendo na Europa e tendo estado em Berlim, você está mais autorizada a falar sobre o povo alemão. Confio no seu julgamento e agradeço pelas informações atualizadas. Só gostaria que você dissesse por que, exatamente, a comida alemã é ruim.
Neste momento, a Alter do Chão santarena está debaixo d'água (cheias desta época), mas logo estará de volta em todo o seu esplendor, a merecer uma nova visita sua.
Um abraço.

Maria disse...

À controvérsias. Fiquei aproximadamente um mês pela Alemanha em diversos locais e com uma família que está morando lá, e sobre os itens citados:

- O metrô: não me lembro do underground, mas em vários trens de vez em qdo passa um fiscal pra ver o ticket - sujeito a multa se não tiver correto

- Não parar no sinal vermelho tb é sujeito a multa, assim como jogar lixo na rua (não é só por boa vontade que não o fazem)

O resto é real. A parte do jornal é tocante...
Alguns deles tem sim muito preconceito com estrangeiros, ainda mais agora com a crise, principalmente os que vão lá pra trabalhar, porém tb são um tanto arrogantes com pessoas de "3º mundo", não levam os brasileiros (principalmente mulheres) a sério.

O povo em geral tem um jeito meio estúpido, alguns são simpáticos. Nosso povo é malandro, isso é ruim, mas não devemos subestimar nossa alegria e bom humor!