segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Civilidade

Ontem, eu e minha esposa precisamos entrar num shopping para comprar um presente de última hora. Fomos a O Boticário, sabidamente um dos locais de maior apelo público nesta época. Estava cheio, claro. A certa altura, a funcionária que nos atendia pediu que ficássemos na fila do caixa enquanto ela agilizava a embalagem. Aquiescendo, fomos para o rabo da bicha. Comprida, não sei quanto tempo perderíamos ali. Então perguntei, falando somente com minha esposa:

— Será que existe prioridade para grávida?

Um casal que estava à frente virou-se abruptamente dizendo:

— Mas é claro! (ele)

— Tem que haver! (ela)

E fixaram os olhos em nós com tanta expectativa que me senti obrigado a tomar uma atitude, ainda mais quando a moça disse que devíamos fazer valer os nossos direitos. Nesse momento, percebi que, querendo ou não, era meu dever de cidadão requerer o privilégio, mesmo que a gravidez de minha esposa ainda não seja evidente. Assim fiz. Curiosamente, a própria vendedora não soube o que fazer diante do nosso questionamento. Uma outra, decerto mais experiente, soprou-lhe que era só avisar a funcionária do caixa. Enfim, pagamos logo depois do cliente que estava sendo atendido.

Ninguém disse nada. Só o sujeito que estava na boca do caixa pareceu meio contrariado. Tudo bem, eu também ficaria. Mas prevaleceu a prioridade da gestante. E isso em Belém do Pará, a capital mundial do egocentrismo!!

Confesso que fiquei orgulhoso dos nossos novos cidadãos. Faça valer seus direitos, amigo.

6 comentários:

Aldrin Leal disse...

Yudice,

Em São Paulo, virou moda o "Office Senior". São Office Boys com mais de 65 anos que andam de graça e tem preferência no banco.

Porque esta moda não pega aqui?

morenocris disse...

Bem lembrado, Aldrin. Ótima sugestão.

Ah! Um 2008 pra lá de planejado!Sucesso!

Beijos.

Ver o seu perfil aqui, no Yúdice, fechei o 2007.

:)

Anônimo disse...

Concordo que devemos lutar por nossos direito, mas convenhamos que não é nada agradável para quem está numa fila, ser lhe tirada a vez como no caso específico teu, uma moça jovem, cheia de saúde, com uma garavidez ainda no início, que não causa transtornos, e que estava linda, leve e solta trançando perna no shopping num dia de grande movimento (sinal que estav muito bem disposta).
Tive 3 filhos e enfrentei as filas até o momento em que eu realmente sentia muita indisposição em ficar muito tempo em pé. As pessoas que ali estavam, também tinham sua pressas, seus cansaços, suas irritações, as quais eu procurava também respeitar, dentro de minhas limitações.
Mas é um direito, usa que quer, como o comentário acima, o pior é utilisar pessoas idosas para poder furar a fila, pegar uma criança qualquer e colocar no colo para também ter prioridades.

Yúdice Andrade disse...

Já ouvi falar disso, Aldrin. Uma palhaçada. Lá no Fórum Cível havia (não sei se ainda persiste) uma cidadã que aparenta problemas mentais. Ela percorre os gabinetes pegando contas e indo ao banco pagar, em troca de dinheiro. O que mostra que ela não teria direito algum a prioridade. Certo dia, preparei-me para criar caso, mas acabou não sendo necessário.

Para ficar mais bem esclarecido, minha senhora, não estávamos "trançando perna" no shopping, até porque detesto "trançar perna" em shopping em dias normais, imagine na antevéspera do Natal. Todavia, precisávamos comprar um presente de última hora e, num domingo à tarde, o jeito foi acabar num shopping.
Agora analisemos: quando preciso ir a um banco e não há caixas específicos para idosos. Sempre aparece um e retarda o meu atendimento. Alguns pagam as contas da família inteira. Posso até ficar contrariado, mas não abro a boca para dizer nada. Porque é direito do idoso. Que, por sinal, também pode ser uma pessoa bastante saudável e forte. No Brasil, as leis são feitas da forma que são porque a falta de civilidade é tanta, que precisamos ser bastante genéricos.
Ignoro sua idade, mas considerando que a senhora já teve três filhos, deve estar mais perto da maturidade que eu. Espero que as pessoas sejam solícitas e lhe ajudem nas filas quando, p. ex., a senhora esteja com seus filhos ou netos trançando perna no Museu, no Bosque, num parque, numa fila de pipoca ou seja onde for.
E não se preocupe: nem eu nem minha esposa pretendemos abusar do direito de preferência das grávidas. Temos vergonha na cara. Caso não tenha percebido, a postagem se centrou na ênfase que terceiros deram ao "nosso direito". Se eles não tivessem sido tão enfáticos, sequer teríamos solicitado. Mas, enfim, pensei que o texto deixava isso claro. Já vi que não deixa.

morenocris disse...

Realmente está tudo confuso por aqui. Caramba, você escreveu uma coisa tão bonita - direitos. Achei a sugestão do Aldrin legal. É uma profissão. Você fala em palhaçada(no caso citado). Aí, vem esta senhora e fala em "trançar pernas". Que post maravilhoso. Interação com problemas de comunicação. Mas estamos nos falando. Isso é o que importa.

Eu deixo passar tudo na minha frente. Idosos, gestantes, carros apressados...eu não me importo. Sempre chego aonde eu quero. Ainda bem. Direitos são direitos. Gentileza faz bem ao mundo. Educação é essencial. Paciência é primordial.

Sabes Yúdice, a vida tem muito valor para mim. E nunca fiquei em coma. Hospital só conheci em três ocasiões - ter meus dois filhos e por pressão alta, quando perdemos o Lauande. Só.

Mas, eu sei o que é estar viva! viver!

Beijos.

Anônimo disse...

Boa noite, Yúdice:

bom mesmo nisso tudo foi ficar sabendo que em 2008 teremos um novo (ou nova?) cidadã! Parabéns pra você e sua esposa.

Feliz final de ano e quero que você realize seus melhores desejos em 2008.

E, lendo o post mais acima, deixo a sugestão para 2008: que tal trocarmos a tapioquinha do Ver-o-Rio por uma travessa de rabanadas??? Hem!?!?!?
Eu também adoro essas lindas criaturas!

Abração