segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

A sempre instável democracia na América Latina

Fortes pressões para a renúncia de Álvaro Uribe, presidente da Colômbia.
As trapalhadas e excessos de Evo Morales, na Bolívia, incluindo uma reforma constitucional saída de um gabinete militar, enfurecendo a população.
"Congelamento" das relações diplomáticas entre Venezuela e Colômbia, por iniciativa da primeira, devido a um desmentido contra Chávez.
Chávez, aliás, leva a taça. Sua marcha para a condição de plenipotenciário seguia a passos largos, como um exército avançando em formação cerrada, nas guerras de antigamente. Seguia. este domingo, com a graça de Deus, a maioria dos venezuelanos votou não, em referendo, às reformas constitucionais promovidas pelo líder da tal "revolução bolivariana".

Supostamente, Chávez aceitou a vontade popular. Afinal, já que comanda uma revolução dita popular, o povo é o único que pode desautorizá-lo, como de fato o fez. Temo, porém, que esse fato seja um alívio efêmero. Afinal, o sujeito não pretende deixar o poder, o que implica na tomada de outras medidas. Se as pretensamente legítimas não dão certo, a que outras poderá recorrer?
Haverá algum dia em que a América Latina consiga conhecer uma democracia de verdade? Estável e que não se curve ao vício e à imoralidade? Afinal, no Brasil, há toda uma democracia formal. Mas como falar em democracia plena num país em que ainda se trocam votos por laqueaduras? Em que o eleitor, muitas vezes, não tem a menor noção do tipo de decisão que foi chamado a tomar? Em que tudo acaba manipulado pelos políticos e os setores que eles representam, em interesse próprio e restrito?

5 comentários:

Anônimo disse...

O resultado desse referendo,Yúdice, mostrou na verdade, o que Chávez não é, ou seja,um ditador. Tanto isso é verdade, que se Chávez o fosse teria ganhado esse referendo por 99% dos votos, do mesmo jeito que Saddam Hussein, "ganhava" os seus no Iraque. Portanto, pode-se não gostar de Chávez, mas é impossível negar que a Venezuela de hoje é muito mais madura politicamente do que era antes. Afinal, não foi essa oposição de hoje, que tentou matar Chavez em 2002, através de um golpe de estado fracassado patrocinado pela CIA? A verdade é que algumas propostas do Socialismo do Século XXI, são interessantes, cito, por exemplo, a questão do controle estatal do Banco Central. Permitir indepedência a um banco central de um país de terceiro mundo, é praticamente colocar uma raposa para tomar conta do galinheiro.Ou melhor, é abrir a porta do galinheiro, para a raposa. Um abraço.

Anônimo disse...

Ivan Lauzid disse...
Sabe, eu sempre achei interessante que os países hispano-americanos tenham um "sangue quente" que os fazem ir as ruas, protestar e até brigar corporalmente para obter a tão sonhada democracia com responsabilidade social. Apesar de Chavez ter tido um apoio em massa dos venezuelanos que foram as ruas apoiá-lo contra um suposto golpe de estado planejado pelo tão famigerado Tio Sam, o povo disse sim a democracia.
Como disse, eles possuem sangue quente...
Agora aonde foi parar o sangue quente do luso-americana? Acho que ditadura deu um jeitinho brasileiro nos nossos sangues. O engraçado é que apesar de tudo, o Brasil faz parte do Bric, que atualmente é o cavalo de força do capitalismo ferrari. Creio aqueles dois velhos ditados brasileiros sejam reais, "Deus é brasileiro e escreve certo por linhas tortas". É torcer para que o mundo que conhecemos não sofra uma apocalipse econômico ou moral oriundo de uma revolução, porque as conseqüências serão a barbárie e a morte. Chega de Revolução Francesa, de revolução dos Aiatolás! Viva a diplomacia, viva o humanismo para todos os seres vivos! Quisera eu não ser tão romântico quanto ao futuro da humanidade...
Abraços Yúdice.

Yúdice Andrade disse...

Márcio, Chávez pode não ser um ditador clássico (??), mas não creio que o avalies como um democrata. Convenhamos, ele não está em posição de, diante de uma derrota eleitoral, colocar o exército na rua e submeter toda a Venezuela a sua vontade pessoal. Todavia, ao não o fazer, isso nem de longe pode ser tomado como espírito democrático.
Chávez não inspira a menor confiança. Seu populismo, seu discurso monotemático, sua falta de respeito pelos demais chefes de Estado, sua autodeificação... há muita coisa que depõe contra ele.
Concordo que os EUA são uma desgraça em termos de política externa, mas Chávez não vira um herói só por fazer-lhe oposição.

No geral, Ivan, concordo com o teu ponto de vista. Por isso considero Chávez pernicioso à causa da democracia. Ele está quieto agora, mas amanhã, como será?

Anônimo disse...

A derrota de Chavez foi um marco negativo na história da Venezuela, pois é inegável o crescimento, principalmente no tocante à mentalidade revolucionária. Hoje podemos ver uma Venezuela que grita mais, que não aceita as coisas tão facilmente, um povo menos passivo.

Apesar de todos os pesares, eu não acredito em democracia em lugar algum, é uma ditadura (da maioria) que dá legitmidade à um determinado príncipe fazer o que acha ser melhor à maioria do povo.

Sou também totalmente contrário á ditadura como forma de Governo, por razões que não preciso aqui demonstrar, por serem, acredito, semelhantes às de vocês.

Conseguiram mais uma vez neutralizar o verdadeiro processo de "independência da América Latina". Quando se percebeu que ela ia fortalecer fizeram ed tudo para parar o procfesso revolucionário...

Ao meu ver é um retrocesso.

Yúdice Andrade disse...

Jean, sabes que tenho simpatia pelas esquerdas e, dos EUA, só gosto da Coca Cola. Mas Chávez, a meu ver, só pode ser relacionado à democracia em um sentido, que mencionas em teu comentário: o povo venezuelano hoje grita mais. Todavia, esse não é um avanço por causa de Chávez e sim apesar dele. Se a democracia venezuela avançou, foi apenas porque parte da população está tentando se proteger desse sujeitinho de discurso enfadonho, monotemático e cínico.
Ele não é um democrata, primo. Disso estou convicto.