Circulares de cordão são banalidades na nossa espécie. Um número muito grande de crianças nasce assim. Eu tinha a informação que a incidência era de 30%, mas talvez seja um número antigo ou inadequado. De qualquer sorte, uma quantia considerável de crianças vem ao mundo desta forma. Já tive partos com 3 voltas bem firmes no pescoço, e com apgar 9/10.
É engraçado ver a expressão das pacientes quando conto pra elas que o que me preocupa não é o pescoço, mas o cordão. O fato do pescoço estar sendo pressionado é pouco importante se comparado com a compressão do cordão. A fantasia da imensa maioria das mulheres (mas também dos homens) é que a criança está se "enforcando" no cordão. Elas ficam surpresas quando explico que o bebê não está respirando, então porque o medo da asfixia? Acontece que existe espaço suficiente para o sangue transitar pela estrutura do cordão, protegida pela geléia de Warthon que o recobre, mesmo com voltas em torno do pescocinho. Além disso, se houver uma diminuição na taxa de passagem de oxigênio pelo cordão isso será percebido pela avaliação intermitente durante o trabalho de parto. E esse evento NUNCA é abrupto. DIPs de cordão, como os chamamos, ficam dando avisos durante horas, e são diminuições fortes apenas durante as contrações, com o retorno para um batimento normal logo após. Marcar uma cesariana por um cordão enrolado no pescoço é um erro.Clique aqui para ler na íntegra o artigo de Ricardo Herbert Jones, médico obstetra e homeopata, na página do Primaluz — Parteiras contemporâneas. Menos se você for médico. Se for, não clique, não. E, precavendo pelo menos a mim de preconceitos, note que o artigo foi escrito por um médico, não por uma parteira.
Posição pessoal: não consigo ser tão confiante assim. Numa rápida consulta, encontram-se diversas páginas na internet fazendo veementes libelos contra a cesárea, quando o único senão é a circular de cordão. Em alguns casos, quem assina é médico. Enfrentar a quantidade e a gravidade das informações, por si só, já constitui tarefa complicada. Ainda precisamos de muito olho no olho com o nosso médico. O problema é que pus na cabeça que todo obstetra é um cesarista enrustido, se não o for declarado. Motivos para que eu pense assim existem.
5 comentários:
Bem. Então não vou clicar!
Nossa gravidez ano passado também teve circular de cordão, mas felizmente houve tempo de gestação e espaço uterino suficientes para que a situação fosse revertida. Não queríamos correr o risco de um parto nessas condições, apesar de que minha irmã teve seu segundo filho de parto normal e com duas circulares de cordão, e nos incentivou a não optar por cesárea.
Só acho que os teus colegas não apreciariam a contundência do texto, Bar.
É isso, meu caro Ivan. Há apelos para fazer e outros para não fazer. Mas, sinceramente, não temos coragem. Amanhã teremos consulta pré-natal. Duvido que o nosso médicp tente nos demover.
Minha sobrinha nasceu com circular de cordão que foi desfeita rapidamente na hora da apresentação, que graças a Deus, era cefálica.
E eu estava presente na sala de parto. Apesar do susto, tudo foi revertido com absoluta tranquilidade.
E elas são irritantemente frequentes em maternidades.
Aliás, vem da época pré-ultrassom, a grande experiência dos velhos obstetras com a conduta correta nas circulares de cordão.
Algo a ser pensado apenas. Mas não necessariamente sugerido a voces e a seu médico, em última análise, a quem cabe a responsabilidade pela melhor decisão.
Que será plenamente apoiada pelos amigos, é claro.
Abs
Querido Bar, muitas pessoas amigas têm sido ótimas neste momento de ansiedade, por vezes citando exemplos como o da tua sobrinha. Sabemos que circulares de cordão são freqüentes (estatísticas de 30% das gestações) e que, sozinhas, não desrecomendam o parto normal. Todavia, quando conversamos com o nosso médico, a postura dele foi de cautela, o que nos agradou. Ele não vedou o parto normal peremptoriamente, como achei que faria. Disse que o cordão ainda poderia soltar-se (foi mais confiante quanto a isso do que o médico da ultra-sonografia) e disse que a decisão seria tomada mais à frente.
Consideramos totalmente acertado o seu argumento de que, com os avanços da Medicina hoje, não vale a pena submeter o bebê a riscos desnecessários, já que a circular, como ele disse, é um ponto de interrogação: nunca se sabe se é um obstáculo intransponível ou não. E não se deve iniciar um parto normal para desistir dele em seguida.
Muito obrigado pela atenção. A palavra de um médico amigo é sempre reconfortante.
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