quinta-feira, 17 de julho de 2008

A oferenda de Marco Antônio

Você com certeza conhece, ainda que superficialmente, a narrativa bíblica segundo a qual três reis magos, vindos do Oriente, seguiram a estrela de Belém para encontrar o local onde Jesus nascera. Chegando à manjedoura, adoraram-no e o presentearam com ouro, incenso e mirra. Anos mais tarde, já na cruz, o Cristo teria tomado uma mistura de vinho e mirra, com propriedades narcóticas (Evangelho segundo São Marcos 15:23).

Até ontem, às 5 da tarde mais ou menos, eu jurava que mirra era um mineral. Quando meu ex-aluno Marco Antônio Lage (um dentista cursando Direito) disse que gostaria de presentear Júlia com mirra, imaginei que ele entregaria algum tipo de pó dentro de uma caixinha. Ontem, contudo, ele me apareceu com uma plantinha num vaso. Eu acho extremamente simpático presentear pessoas com plantas, mas a gentileza ainda serviu para diminuir o arcabouço da minha enguinorança. Finalmente descobri que mirra é uma planta, que Marco Antônio cultiva em sua propriedade em Mosqueiro, aproveitando para dar mudas de presente a pessoas amigas que estão prestes a ter um filho. Grande rapaz, esse!

Restou-me então acessar sítios da internet para descobrir que a mirra (do hebraico maror ou murr, "amargo") é uma árvore (Commiphora molmol) espinhosa, de folhas caducas, que produz flores vermelho-amareladas e frutos pontiagudos. Encontradiça no nordeste da África (Somália e partes orientais da Etiópia), Oriente Médio, Índia e Tailândia, em matas preferencialmente de solos bem drenados e com muita exposição ao sol. Alcança cinco metros de altura.

Do vegetal se extrai uma resina (colhida de modo semelhante ao látex de nossas seringueiras) que, depois de seca, apresenta-se sob a forma de grânulos de coloração amarela-avermelhada. Tem propriedades antissépticas e, por isso, é usada até hoje na fabricação de medicamentos e de cosméticos, mas já foi usada até pelos egípcios, em procedimentos de mumificação. Por seu aroma, é utilizada como ingrediente na preparação de incensos.

Consta que, na Antiguidade, a mirra era um produto extremamente valorizado, custando mais do que o seu peso em ouro. Portanto, quem achou que o rei mago mais mão aberta foi o que deu o ouro, equivocou-se. Mas não posso confirmar essa hipótese.

Além do aprendizado, fica a gratidão pela manifestação de carinho, que sempre torna nossas vidas mais suaves. E é particularmente gratificante desejar uma vida inteira de felicidade, para alguém que chega.

Muito obrigado, Marco Antônio!

7 comentários:

Anônimo disse...

Olá Primo.

Só não misture com vinho e dê a ela né?! hehe

Abração!!!


PS: Comentário "enúteu"

Yúdice Andrade disse...

Não farei isso, primo. Podes ficar despreocupado. Vinho, em casa, só para fins culinários e fora do alcance de crianças. Abraço.

João Luiz disse...

Olá Amigo.
Lendo a postagem sobre mirra fiquei um em dúvidas uma vez que tenho plantas como sendo mirra e apesar das folfhas serem iguais às da postagens, em minhas plantas, até onde me recordo, não existem espinhos. A que tua criancinha recebeu possuí espinhos?
João Luiz
www.meliponariocapixaba.blogspot.com meliponariocapixaba@gmail.com

Yúdice Andrade disse...

Caro João Luiz, não tem espinhos, não. Pode ter sido impressão sua, vendo a foto.

Unknown disse...

Bacana encontrar pessoas como vocês, que valorizam atitudes gentís e que guardam respeito às coisas antigas. Certamente devem possuir bom coração e desprendimento, pois é o que pude notar em suas palavras. No mundo, somos irmãos e membros da família universal. Congratulo-me comtodos, desejando que sejam felizes e sempre alvo da bondade e da Luz das Altas Esferas. Ahh, tb tenho aqui uma planta quase adulta de mirra...depois que a plantei, o ambiente mudou para melhor. Vou passar a coletar a resina e fazer experimentos...depois eu posto minhas experiência. Felicidade a todos.

Yúdice Andrade disse...

Secrets, desejar o bem e fazer o bem é algo estimulante, que provoca uma sensação de bem estar. É pena que a maioria das pessoas não se sinta assim. Pelo menos é o que parece.
Fiquei curioso acerca de seus "experimentos" com a resina. Espero que você volte para contar do que se trata.
A propósito, como encontrou esta postagem antiga?

Ana Carolina (Curitiba-PR) disse...

Minha mãe gostaria tanto de uma muda de mirra... Onde será que encontro? Abraços! Ana.