Ontem, enquanto nos dirigíamos ao Museu, no começo de um agradabilíssimo domingo, meu afilhado Mateus (12) me questionou acerca de prisão especial. Expliquei a ele a diferença entre a prisão comum e a especial, concluindo minha exposição com a lembrança de que a lei só permite o benefício de cela especial duranta as prisões processuais. Indivíduos condenados por sentença penal transitada em julgado devem ficar em celas comuns. Até citei o caso de Salvatore Cacciola, que recorreu à Organização das Nações Unidas, pugnando pela não extradição ao Brasil, onde teria seus direitos humanos violados em nossas infectas penitenciárias, sempre tão sujeitas a torturas de presos, rebeliões e homicídios.
A ONU pode não ter dado bola para ele, mas alguém no Brasil deu. Claro, a terra da impunidade não poderia ser inclemente com um de seus filhos mais ilustres. Mesmo condenado em definitivo a 13 anos de reclusão em regime fechado, Cacciola conseguiu uma cela especial. Neste momento, ele se encontra no presídio Petrolino Werling de Oliveira, mais conhecido como "Bangu 8", no Rio de Janeiro. Pelo menos já perdeu o sorriso largo que exibia em sua chegada ao Brasil.
No novo endereço, Cacciola ocupará metade de uma cela de 125 metros quadrados, juntamente com outros 32 outros presos com nível superior. Nada posso dizer quanto a estes, pois desconheço a situação processual deles. O fato é que Cacciola deveria estar numa cela comum. Deveria, mas ficará nessa, dormindo em um beliche e com acesso a dois banheiros. Um luxo, considerando a realidade carcerária brasileira. Se serve de consolo, ele perdeu o frigobar e a vista para o mar, que tinha na prisão do Principado de Mônaco.
É isso aí. Neste país, tudo é uma questão de você possuir ou não uma boa estrela.
No mais, Cacciola continuará fazendo o que mais sabe: viver às custas do contribuinte brasileiro. Mas, pelo menos, não será na Europa.
2 comentários:
Mas pelo menos o bandido está na cadeia.
Enquanto isso, milhares de correntistas do banco Marka lutam para se recuperar do prejuízo que tiveram. Alguns, nunca mais.
Contudo, penso que a pena mais adequada ao caso seria a de reaver tudo o que foi desviado, fazendo as vezes de medida educativa de que o crime não compensa.
Para políticos corruptos a mesma coisa seria salutar: devolver tudo ou pelo menos zerar o caixa dos ladrões do povo. Isso é o que deve doer mais para eles.
Ele estar na cadeia é a única satisfação que podemos ter, mesmo que pífia. Afinal, realmente o mais importante de tudo é reaver o dinheiro, devolvê-lo a quem de direito. Mas isso, sabe Deus se veremos acontecer. O dinheiro desviado do TRT de São Paulo foi para onde? Só uma parte muito pequena foi recuperada.
No final, esses calhordas saem da prisão e voltam a usufruir do que roubaram de nós. Porque não há mecanismos eficientes no país, para coibir isso. E quando há, não são usados. Sabemos o motivo.
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