quinta-feira, 10 de julho de 2008

Diversão na segunda noite

A segunda e última noite do curso para gestantes foi bastante instrutiva, naquela linha que mencionei ontem: a da simplicidade. Os destaques ficaram para as megaoperações que consistem em trocar fraldas e dar banho no bebê!!

De fato, não há nada de mirabolante em qualquer uma dessas atividades mas, como falei, sempre há algo para se aprender. Ontem, p. ex., aprendi a forma de segurar a cabeça do bebê durante o banho, a fim de prevenir que entre água nos ouvidos, e conheci um ganchinho plástico de três pontas para prender fraldas de tecido, bem mais seguro do que os antigos alfinetes de segurança.

Chamou-me a atenção a resistência das gestantes em servir de voluntárias. Pareciam todas apavoradas de fazer alguma bobagem em público. A moça que tentou dar banho na bonequinha estava visivelmente tensa, com pavor de deixar a boneca escorregar e se justificou várias vezes. Fiquei solidário. Quem diabos pôs tantas cobranças na cabeça da jovem? Será que ela mesma? Mal sabe que, relaxando, descobrirá que as coisas são como são: bem mais fáceis do que parecem. A natureza e o instinto estão aí para ensinar.

Convidado a ser voluntário, descobri que minha missão era apenas carregar o bebê (a boneca, claro). Atrapalhei-me um pouco, pois há anos não seguro uma criança pequena, mas já convivi com duas crianças — um menino e uma menina —, de modo que não sou tão zerado nas artes de carregar, por para dormir, dar banho, etc. No mais, carrego comigo uma curiosa sensação de que, quando chegar a minha vez, eu simplesmente farei o que deve ser feito.

O aspecto mais interessante do curso, contudo, foi um vídeo sobre amamentação, que despertou o meu modo comunista de ver o mundo. Jamais pensei que a indústria de alimentos artificiais pudesse ter criado uma cultura de menosprezo à amamentação e que, hoje, profissionais da saúde estivessem empenhados em resgatar a prática natural, após tantos anos de mitos construídos com más intenções.

Além da campanha pelo parto normal (a maioria das mulheres do curso declararam-se dispostas ao parto normal, uma surpresa para mim e para a enfermeira ministrante), agora também estou em campanha pela amamentação exclusiva. Essa já era minha opinião, mas a ideia de enfrentamento da indústria capitalista confere à causa um charme especial.

5 comentários:

Anônimo disse...

Yúdice,

Entendo sua preocupação a respeito da amamentação, mas existe um aspecto que não deve ser negligenciado: há situações especiais em que o leite materno é insuficiente - ou mesmo não existe.

Nesses casos, a alimentação artificial é inevitável e convém consultar um bom pediatra para saber o que oferecer ao bebê. Dito assim parece óbvio, mas é que recém-nascidos sempre atraem as opiniões controversas dos palpiteiros de plantão. É um tal de "faz isso", "dá papinha daquilo" e por aí vai. É preciso ser firme nessas horas.

Um abraço!

Adelino Neto

Ivan Daniel disse...

Minha esposa e eu, quando 'grávidos', fizemos o curso oferecido pela rede de farmácias Big-ben. Dois dias, horário matutino, quase totalidade de mulheres, mas no segundo dia outros maridos/namorados apareceram. Muita coisa deu pra aprender, outras só confirmar, mas o melhor ficou mesmo pra questão amamentação e banho. Eu ficava muito preocupado em como cuidar do bebê, mas quando nasceu parecia que sempre fiz aquilo. Desde a maternidade eu carreguei, dei banho, troquei fralda, fiz dormir, dei leite no copinho (demorou pro leite materno sair em grande quantidade, então tivemos que complementar com artificial, a pedido da médica por telefone, e saí pra comprar no começo da madrugada na primeira farmácia 24h que encontrei). Fiz tudo direitinho, ainda mais porque o parto não pôde ser natural e minha esposa ficou mais tempo em repouso.
O curso serviu muito pra tirar dúvidas até depois do bebê nascer, já que a ministrante disponibilizou seu telefone pra todos os participantes, e nos atendeu sempre com atenção como se ainda estivesse no curso. Não lembro se era Rosa Carmem ou Carmem Rosa o nome, mas também era enfermeira.

Ivan Daniel disse...

Quando comecei a escrever o comentário anterior ainda não havia o do Adelino, e não posso deixar de concordar com o que ele disse. Vais ouvir muito 'pitaco' mesmo, Yúdice. Então tens que usar de muito bom-senso paterno e escolher adequadamente entre a recomendação pediátrica e a 'palpitática' rsrsrsrsrsrsrsrs...
Às vezes as duas poderão parecer inadequadas de acordo com o zelo paterno.

Ivan Daniel disse...

Ah! Feliz aniversário!

Yúdice Andrade disse...

O que dizes é muito pertinente, Adelino, mas constituem situações excepcionais. Naturalmente, o que afirmei somente diz respeito a situações normais, em que a mãe pode amamentar. O simples fato de ela precisar voltar ao trabalho já basta para botar a perder a iniciativa. Por isso mesmo, a tônica do vídeo era defender o direito à amamentação.

Ivan, tenho a esperança de que, conosco, aconteça do mesmo jeito que contigo.
Estamos plenamente conscientes de que a palpitaria vai rolar solta. Isso acontece em 100% dos casos. É inevitável. Muita gente palpita querendo ajudar, mas muitos não se dão conta de que estão sendo inconvenientes além da conta. Basta lembrar que quem precisa de ajuda, se quiser, pede. Estamos prontos a escutar tudo o que nos disserem, mas a fazer somente o que nos parecer razoável. Minha mãe será a primeira desaprovar isso, porque de saída ficarão de fora os chazinhos, o penso para apertar o coto umbilical e outros quetais que a tchurma da geração de nossos pais ainda defende com unhas e dentes.
Por fim, muito obrigado pelas felicitações de aniversário.