sexta-feira, 4 de julho de 2008

Serviço público eficiente

Se só falamos mal, classificam-nos como "blogs raivosos" — o que muitos, de fato, são. Por isso, em havendo motivos para elogiar, é justo que se elogie.
Cinco anos atrás, percebi com grande susto que minha carteira de habilitação estava vencida. Corri para o DETRAN, onde fui submetido a uma horrível jornada para me regularizar. A simples chegada ao local já era desestimulante. Do lado de fora, aqueles sujeitos suspeitíssimos, sussurrando entre si nas áreas de teste de condutores ou de vistoria e legalização de veículos; dentro, um salão que mais parecia uma feira, com tanta gente zanzando, além de uma multidão sentada, pronta para uma espera interminável. Acabei indevidamente beneficiado por uma pessoa amiga, que me fez passar à frente sabe-se lá de quantos. Confesso-o sem nenhum orgulho. Muito pelo contrário. Tenho aversão a esses jeitinhos e ter-me aproveitado de um deles me envergonha. No dia, justifiquei meu ato a mim mesmo pela necessidade mas, como todos dariam a mesma desculpa, hoje não me justifico de modo algum. Podem me criticar.
Cito esse fato apenas porque, mesmo furando fila, minha maratona durou cinco horas. Sabe-se lá como seria se eu tivesse agido honestamente. Ilustro, com o episódio, que este país empurra as pessoas para a imoralidade.
Ao final do meu périplo, cansado e suado, pensei em passar por tudo aquilo de novo e pensei: "Tem que acontecer alguma coisa dentro dos próximos cinco anos!"
E aconteceu. Hoje, renovei minha habilitação. O procedimento começou ontem, quando paguei o boleto e liguei para agendar meu atendimento. A atendente, ao telefone, perguntou: "O senhor quer para hoje ou para amanhã?" Levei um susto. Não estou acostumado a rapidez no serviço público. Marquei para hoje, às 8h40. Entrei no prédio às 8h25 e, em 50 minutos, estava na rua de novo, indo para casa, como um cidadão satisfeito.
Ressalto, ainda, que lidei diretamente com sete servidores e, embora duas senhoras estivessem com cara de "preferia estar na praia", não tenho do que me queixar em relação à forma como fui tratado.
Parabéns ao DETRAN pelo enorme salto qualitativo. Tomara que isso não se perca e que, doravante, as rotinas só melhorem.

4 comentários:

Frederico Guerreiro disse...

Também renovei minha habilitação, só que demorei menos do que você, e sem qualquer jeitinho. Portanto, para mim o DETRAN-PA funcionou ainda melhor.

Aldrin Leal disse...

escuta, você precisou fazer o curso pra renovar a carteira?

Ivan Daniel disse...

Também achei bem rápido o serviço. Detalhe pro sistema de identificação pór meio de digitais a cada etapa da renovação, entre foto, assinatura, médico...
Só não gostei de uma coisa: taxa de transferência de UF, já que minha última renovação havia sido em Brasília. Valor: R$ 82,94.

Yúdice Andrade disse...

Folgo em saber, Fred. Espero que, muito em breve, todos os usuários do DETRAN - que sempre será um dos órgãos de maior apelo público (quem quer deixar de dirigir?) - possam dizer a mesma coisa. E sem jeitinhos.

Não precisei, Aldrin, porque ao tempo de minha primeira habilitação o atual Código de Trânsito já estava em vigor e a nossa Escola de Trânsito já estava em funcionamento. Portanto, fiz o curso e tive as aulas de direção defensiva que, se não me engano, são o motivo da convocação dos motoristas mais antigos.

Achei esse sistema ótimo, Ivan. Fazemos uma primeira vez e, depois, por ocasião da foto. Neste último estágio, eles também nos mandam assinar novamente o nome, apenas para conferir se a assinatura confere com a anteriormente registrada. Procedimentos de segurança, para impedir que, de uma etapa para outra, Tício inexplicavelmente vire Mélvio e algum engraçadinho fraudador saia habilitado.
Infelizmente, contudo, se há uma crítica que o DETRAN sempre merecerá, é a que toca a suas cobranças: excessivas no quê e no quanto, foram altamente incrementadas no início deste ano. Há um serviço de que preciso, que antes era feito automaticamente. Eu nem sequer precisava pedir. Agora, tenho que pagar mais de cem reais por ele. Ainda não me deu vontade.