Acabou hoje a exposição "Unidade na diversidade: a teoria da evolução completa 150 anos", montada na Rocinha, no Museu Paraense Emílio Goeldi. Apesar de ter aberto no dia 11 de abril, somente hoje pude prestigiá-la e isso porque sua duração foi prorrogada, eis que a previsão de encerramento originalmente era na primeira semana deste mês. Graças a Deus, com a prorrogação, tive o privilégio de comparecer.
Aí ao lado, imagens de parte do acervo. Esqueletos de girafa, onça, golfinho, anta, mucura e outros animais procuravam demonstrar como mamíferos tão díspares entre si possuem características comuns, tais como a quantidade e a disposição dos ossos (p. ex., a mão com cinco dedos).
A exposição procura sintetizar as ideias desenvolvidas simultaneamente por Charles Darwin e Alfred Wallace, sem que os dois tivessem mantido contatos a respeito. Os dois observaram os mesmos aspectos — por que seres vivos tão distintos guardam características comuns? por que certos seres apresentam vestígios de características que não lhes servem de verdade? — e se inquietaram por esclarecer essas palpitantes questões, que acabaram sendo esclarecidas mais tarde, com o desenvolvimento da Genética.
Darwin ficou famosíssimo, enquanto Wallace não é conhecido pelo grande público. Mas sua importância para a Ciência não é nada menor.
Ao longo da mostra, foram realizadas sete palestras, a última delas no dia 4 deste mês, com o tema "Evolucionismo e criacionismo", conduzida pelo Dr. Benedito Nunes, filósofo, grande cabeça de nossa terra.
Teoria absolutamente consagrada, é uma das mais criticadas, também, pelo velho motivo de sempre: as trevas que insistem em reinar sobre a Terra. Os preconceitos e a ignorância de certos segmentos religiosos, que não aceitam conviver com ideias que limitam as oportunidades de poder que desejam ter sobre a mente das pessoas. Por isso mesmo, o ponto alto da mostra era o painel informando sobre as deturpações da teoria.
Aí abaixo você vê a explicação para um dos mais conhecidos mitos criados em torno da teoria da evolução: a de que nós, seres humanos, descendemos do macaco. A teoria jamais afirmou isso e tal bobagem decerto foi cunhada por gente muito mal intencionada, querendo retirar-lhe a credibilidade mexendo com os brios das criaturas que se consideram o topo da evolução neste mundo — pretensão que, por sinal, a teoria em questão também nunca defendeu.
A teoria da evolução é um horror para os criacionistas, que continuam defendendo a lenda de Adão e Eva, o jardim do Éden, a serpente e a maçã. No exato instante em que estávamos no recinto, um cidadão falava em alta voz sobre como tudo aquilo estava errado, muito desejoso de que as pessoas o escutassem. Felizmente, eu não estava perto nesse momento e pude fazer minha visita sem me deparar com a lástima do obscurantismo que insiste em querer legar a este mundo a ignorância e a dominação, em favor dos que detêm a Verdade.
Sem dúvida, um dos mais interessantes ramos do conhecimento. Uma teoria tão essencial para a vida neste mundo, que precisa ser conhecida — corretamente, é claro — por todos.
Uma pena se você não viu. Em agosto, o Museu terá uma nova exposição, desta feita sobre arqueologia. Também uma excelente pedida.
2 comentários:
Olá Primo,
Gostaria de poder ter o prazer de visitar tal exposição, entretanto esbarro no total descaso com a cultura aqui em Florianópolis. Transformou-se em uma cidade turística, porém somente do ponto de vista do lazer fútil (que eu gosto, é verdade), afastando-se do lazer cultural.
Enfim, imagino que deva ter sido uma experiência gratificante e.
Grande Abraço Primo e boa sorte para a Poly e para a Júlia!!!
Eu ainda me surpreendo quando vejo alguém dizer que Florianópolis é uma cidade com poucas opções. E digo isso não por conta do teu comentário, mas de coisas que leio na comunidade do Orkut sobre a cidade. Aqui, afirmas que Floripa não dispõe de "lazer cultural", só do fútil. Lá, eles afirmam que até esse lazer fútil falta - se bem que é porque faltam boates mais interessantes...
Para mim, que adoro esse paraíso, leva alguns instantes para me recordar que alguém que more na cidade sente necessidades diferentes das minhas, que vou a passeio.
Recordo, contudo, que foi aí que pudemos visitar aquela interessantíssima exposição sobre tortura. Aqui em Belém tivemos uma sobre o holocausto nazista, com direito à reprodução da entrada do campo de concentração de Auschwitz.
A exposição sobre a teoria da evolução é itinerante, eu acho. Talvez ainda chegue por aí. Abraços.
Postar um comentário