Minha intimidade com a tecnologia é consideravelmente deficitária. Sou de uma geração que cresceu sem computadores domésticos. Já estava na faculdade quando as pessoas começaram, aqui em Belém, a ter PC em casa. Trabalhei por anos na dependência de cópias reprográficas, de documentos que precisavam ser fisicamente levados para outros lugares, de dificuldades para conseguir informações banais. Fui estagiário numa época em que precisávamos bater perna nas secretarias judiciais para saber o último andamento do processo. Scanner, sistemas push de acompanhamento processual, arquivos anexados em e-mails, processo virtual... Que maravilhas, recentemente chegadas!
Penso que o fato de pertencer a essa geração de transição explica um pouco as minhas resistências. O resto é explicado pela minha antipatia a tudo aquilo que não funciona exatamente como mandei, bastando que eu tenha apertado um único botão.
Levei muito tempo para aderir ao Orkut, mas quando o fiz, gostei e fiquei até um pouco viciado. Era um deleite reencontrar amigos das mais variadas épocas, estivessem eles em que parte do mundo fosse! Eu os via de novo, sorrindo, celebrando a vida, mandando notícias atualizadas. Voltei a cumprimentá-los em seus aniversários. Depois a coisa foi se acomodando e passei a fazer uma visita por dia, nem todo dia. Afinal, o Orkut ganhou um adversário de peso: o blog.
Levei mais tempo do que se poderia esperar para criar um blog, mas a influência dos amigos Pedro Nelito e Frederico Guerreiro, na manhã de 31 de agosto de 2006, me impulsionou a — sem ter uma ideia muito clara do que fazia — seguir o passo a passo do Blogger e criar isto que, hoje, passou das 2.500 postagens. Aí cheguei onde queria: num lugar onde poderia escrever, escrever, escrever, até encher o saco — o meu e o seu.
Como era de se esperar, o blog me viciou. Como já escrevi outras vezes, por aqui, há dias que fico ansioso por postar e já me peguei tendo que controlar esse impulso. Afinal, não sendo este um blog profissional, produzi-lo deveria ser, apenas, uma agradável e às vezes útil brincadeira.
E agora temos o Twitter. Levei um tempo enorme para entender que diabo isso é. Cheguei a procurar tutoriais na Internet, mas nenhum foi muito convincente. Acabei aceitando que ele seja um miniblog, onde você posta ideias curtinhas para... Para quê, mesmo? Suponho que apenas para se divertir.
Ainda não encontrei um lugar para mim no mundo twitterítico. Sabe o que é? Sou prolixo. Não consigo dar o meu recado em apenas 140 caracteres!!! Basta ver tudo que escrevi acima, quando na verdade minha intenção era apenas escrever estes dois últimos parágrafos!
Se eu criar um perfil no Twitter, corro o risco de achar que tenho a obrigação de escrever alguma coisa lá. E aí será mais uma pressão autoimposta. E um candidato a TOC não deve procurar sarna para se coçar. Por isso, até segunda ordem, nada de Twitter.
5 comentários:
Pois é, Yúdice,
Eu entrei no twitter com a intenção de divulgar o Belenâmbulo. Nesse propósito tenho tido êxito. No entanto, confesso que ainda não me acostumei a essa ferramenta.
É real o risco de autocobrança excessiva por escrever alguma coisa e, pior, por acompanhar tudo o que publicam por lá.
Deixa quieto... na minha humilde opinião dá para viver sem ele.
Abraço
Dá, sim, meu amigo. Por enquanto, a vida está ótima sem ele. Espero que continue assim. Se não, procuro sarna para me coçar.
Olá Primo,
Se isto lhe conforta nem eu mesmo eu, acostumado à revirar e mexer em tudo quanto é coisa de computador e internet possuo ou sequer consegui entender o tal twitter. Por cima, pareceu-me um miniblog, usando sua expressão, entretanto com postagens instantâneas. Parece que tem gente que posta até que tá indo no banheiro...
Só quero destacar uma frase sua que me pareceu genial: "O resto é explicado pela minha antipatia a tudo aquilo que não funciona exatamente como mandei, bastando que eu tenha apertado um único botão."
Não tenho antipatia mas confesso ter certa raiva quando ocorre tal situação.
Abraços!!!
É, até que me sinto melhor, Jean. Mas quando entenderes a coisa, vem aqui me dizer.
Eu acho o Twitter a coisa mais sem graça já feita, é só pra ter alguém abelhudando a tua vida (quando estamos falando de Twitter pessoal), é um orkut aberto, mas sem graça!
já entrei em Twitter, onde a pessoal colocava:
-cheguei em casa,
- saindo de casa,
aff
Sem falar que vc tem que atualizar sempre!!!!!!!! E nossa a vida resume-se a ficar postando todo dia no Twitter o que se está fazendo ...
O blogger já é uma feliz invenção (que até me viciou também), no blogger vc tem mais espaço para colocar o que vc quiser!
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