Compreendo perfeitamente e respeito que as pessoas precisem de um tempo para absorver que sejam, em alguma medida, participantes de uma tragédia. Nos últimos anos, certas experiências abriram meus olhos para a necessidade do sentimento de negação que, sob certas circunstâncias, funciona como uma válvula, fazendo as pessoas compreenderem suas perdas aos poucos, na medida em que aguentem, e não de uma vez só, o que poderia provocar danos emocionais imprevisíveis.
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Mas o que pode ter acontecido senão uma queda? Falamos de um avião que sumiu dos radares e não chegou a nenhum porto, fosse onde fosse. E não um pequeno avião, mas um gigante que chega a 230 toneladas e não pode pousar em qualquer lugar. Se tivesse pousado, necessariamente seria visto, se não na hora, mas algum tempo depois. Inclusive se houvesse pousado no mar, o que por sinal seria muito difícil, considerando a falta de visibilidade. Outrossim, um avião sempre é abastecido com combustível suficiente para ir além de seu porto de destino, mas não muito.
Enfim, não se trata de pessimismo, muito menos de mau agouro. Sabemos o que ocorreu. O momento é de respeito em relação às vítimas e seus familiares. E de orar por todos, aqueles que oram. De saber que as buscas, quando chegarem ao objetivo, darão um fechamento a este ciclo — fechamento esse necessário para que as pessoas sigam suas vidas adiante. Só não é mais o momento de esperar por milagres, menos ainda por roteiros de seriados de TV.
Lamentamos o ocorrido e desejamos que todos possam encontrar reconforto.
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