Foi como eu lhes disse: minha rotina agora é uma sucessão de elaborar, aplicar e corrigir provas, conferir trabalhos, somar parciais, redigir explicações e aturar as desculpas de última hora. Nada romântico. Embora tendo responsabilidade apenas por si mesmos (e não por quase duas centenas de almas, como eu), 82 alunos devem pensar algo semelhante. Na noite dos namorados, o encontro que eles têm é comigo e com as provas de Direito Penal. Apaixonante, não? Faz-me lembrar aquele velho papo de que Penal é o primeiro amor do estudante de Direito. Para esses, é bom que seja.
Para piorar, é um dia dos namorados imprensado por um feriado, o que explica a faculdade vazia, ainda mais sendo tempo de conclusão do semestre letivo.
Mas não me acusem: a prova foi marcada para hoje por escolha dos próprios alunos. Eu também fico sem minha noite romântica. Tudo bem, eu ficaria de qualquer forma, já que tenho um lote enorme de papel para corrigir.
Por isso, um feliz dia dos namorados para você. Muito amor na sua vida. Felizmente, isso não me falta.
5 comentários:
Também estou num corre-corre danado, mas deu um tempinho para comprar umas rosas para minha amada.
Tomara depois de 23 anos de casados elas não murchem tão rápido, he he he...
Boa correção de provas, mestre Yúdice. Afinal, é disso que você gosta, você ama o que faz, não é verdade?
prova não é coisa de escola?
Elas não murcharão, Fred. Depois de 23 anos já tivemos, suponho, tempo mais do que de sobra para compreender as boas e as más fases de cada um. Aliás, nós nos comprometemos a isso quando casamos, não? Parabéns a vocês, que construíram essa bela e duradoura família. Já são um exemplo.
Anônimo: sim, prova é coisa de escola. Quando você tiver a oportunidade de ingressar em uma, descobrirá isso.
Yúdice, acho que o anônimo acima quis dizer que prova é coisa de se corrigir na escola, haja vista fazer parte do trabalho do professor. Ou seja: você não estaria levando o trabalho para casa? Pagam hora extra por isso?
A questão é polêmica.
Quando eu estudei aí com vocês, havia alguns professores que corrigiam as provas em sala de aula e davam as notas na hora, abrindo possibilidade para que os alunos questionassem o que entendessem, sem mais delongas ao longo da semana seguinte. Assim, sobrava tempo para o professor aproveitar suas horas de folga.
Qual a sua opinião, além da evidente falta de tempo para cumprir um programa mínimo para uma disciplina tão extensa?
Abraço
Não quis, não, Fred. O que ele quis foi encher o saco. Quem vem anonimamente deixar um comentário de sentido obscuro quer, no mínimo, ser inconveniente. Depois voltou dizendo umas bobagens que nem de longe teriam relação com a pergunta tola feita.
Quanto a tuas perguntas:
1. Nenhum professor recebe pelo número de horas que trabalha. Isso é um fato. Suspeito que só no primeiríssimo mundo não seja assim.
2. Recebemos uma parcela a título de planejamento, mas é um valor fixo que não atende a quantidade de horas que um professor cioso de suas obrigações estuda, pesquisa, redige - ou participa de reuniões. Muito menos o tempo que gastamos corrigindo provas e trabalhos e atendendo alunos, inclusive por via virtual, o que agora é rotineiro em qualquer instituição. E ainda somos cobrados quanto a atividades que reputo estranhas ao mérito da docência (atividades só acidentalmente docentes), tais como conferência e lançamento de frequência.
3. No CESUPA, é norma regimental que o professor corrija a prova com os alunos e os atenda, caso desejem. Mas isso pode ser feito de várias formas. O mais comum é corrigir as provas fora e, em sala, apenas divulgar e debater os resultados, atendendo os alunos. Corrigir a prova em sala é uma atitude que, particularmente, desaprovo.
4. Para economizar o precioso tempo de sala de aula, comprometido por inúmeros fatores, numa disciplina extensa como a minha, é do meu costume atender os alunos individualmente, fora de sala de aula. Marco com cada um, o que me consome um tempo imenso.
5. Quanto a tua pergunta final, só tenho uma resposta: o professor deve encarar a docência como sacerdócio e fazer o que lhe parece certo, mesmo ciente de que não será remunerado por isso.
Não peço que ninguém me siga. Falo só por mim.
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