Segurança em Belém?

Semana passada, dois amigos discordaram com veemência sobre um aspecto: Belém está mais bem policiada ou não? Concordei com o que disse que sim. E o afirmo porque ando pela cidade diariamente e, sim, tenho visto policiais pelos bairros que cruzo. Normalmente em duplas, às vezes a bordo de viaturas, mas eles estão por aí. Até mesmo nos bairros periféricos. Minha impressão é de que o policiamento ostensivo realmente foi melhorado, após ser uma das grandes penúrias do governo Ana Júlia.
Nosso opositor, contudo, jura que estamos errados. Ele não tem visto policiais nas ruas e se prendeu aos crimes que ocorrem. A conversa surgiu por conta dos disparos contra o carro do vice-governador e ressurgiu hoje, por causa do assalto ao restaurante Kamicase Sushi, na noite de sábado.
Convenhamos, em nenhuma cidade do mundo, por mais bem policiada que seja, a criminalidade cairá a zero. Não existe a menor possibilidade disso. Mesmo na sempre lembrada Nova York, ícone dos mais nervosinhos por causa da política de tolerância zero, sabemos que a criminalidade despencou, mas ela continua lá. E sempre continuará. Portanto, temos que analisar a situação de maior ou menor insegurança pública por meio de dados gerais (que raramente são divulgados, então como faremos?) e não de exemplos isolados. Afinal, se é assustador que dezenas de pessoas sejam feitas reféns por meia hora num restaurante, também é fato que a onda de ataques a restaurantes ocorrida no segundo semestre de 2006 (quando eu mesmo me tornei vítima) não se repetiu até agora, felizmente.
Afinal, Belém está ou não mais violenta do que um ano atrás? Honestamente, não sei dizer. Ler jornais não adianta nada. Desde que me entendo por gente existem cadernos policiais nos jornais e eles só publicam o pior, normalmente crimes específicos, pinçados de um elenco muito maior. Assim, só com base neles, é impossível ter noção de estatísticas.
Afinal, Belém está ou não mais policiada do que um ano atrás? Parece-me que sim. Mas não disponho de meios de aferir quanto isso tem verdadeiramente contribuído para maior segurança pública — ou pelo menos para que nos sintamos menos amedrontados. Sem dúvida, ajudaria bastante se as autoridades divulgassem, rotineiramente, as estatísticas de que só tomamos conhecimento em tempos de crises mais intensas. Pela omissão, nossas autoridades já merecem a crítica.