domingo, 7 de agosto de 2011

Carros (ou indústrias) verdes

A edição deste mês da revista 4 Rodas (n. 620, p. 45) publicou uma matéria intitulada "Rastro verde: Setor automotivo  é o segundo mais sustentável", assinada por Isadora Carvalho. A ideia pode parecer inverossímil à primeira vista, mas considere o teor:

Fabricantes de automóveis foram considerados um dos setores da indústria mais alinhados com a sustentabilidade. Esse foi o resultado de uma pesquisa realizada pela Fundação Nacional de Qualidade (FNQ) com 63 representantes de empresas. O segmento foi eleito o segundo mais preocupado com o meio ambiente - o primeiro é a área de energia. "Contribuiu para esse resultado o investimento da indústria em motores flex e elétricos", diz Jairo Martins, superintendente geral da FNQ. Segundo ele, as montadoras aplicam recursos em iniciativas limpas não só por estratégia de marketing e consciência ambiental. Há fatores econômicos envolvidos. É o caso da Mercedes-Benz, que economiza 60 reais a cada tonelada de resíduo da fábrica que não é encaminhado ao aterro sanitário. "Os restos vão para a reciclagem e parte deles é usada como combustível em fornos de cimento", diz Guilherme Heinz, gerente de qualidade corporativa da marca.

CONFIRA O PROGRAMA DE OUTRAS FÁBRICAS
Peugeot. A marca mantém uma fazenda de 10 000 hectares pouco maior que Paris no norte do Mato Grosso, região sul da Amazônia. Resultado: Em dez anos, a Peugeot reflorestou 1,8 hectare de pastos com plantas amazônicas. A ideia é que a área funcione como um poço de carbono, capaz de retirar CO2 do ar por meio de fotossíntese da floresta. Até agora, 110 000 toneladas de CO2 foram capturadas.
Honda. Transporta motocicletas e peças entre Belém (PA) e Manaus (AM) por meio da Balsa Swimming Warehouse, que substitui 75 carretas nas estradas. Resultado: Com a balsa, deixa-se de emitir poluentes. O projeto economizou 2,8 milhões de litros de diesel entre 2007 e 2010, ou 1,7 litro por motocicleta transportada.
Volkswagen. Tem software que mede os impactos da produção no meio ambiente, o que permite contabilizar o consumo de recursos naturais e emissões de resíduos. Resultado: De 2008 a 2010, a empresa reduziu em mais de 16% o consumo de água, energia e gás natural por veículo produzido.
Mercedes-Benz. Um programa conscientiza funcionários a reduzir o consumo de água, de energia e de solventes e a evitar resíduos. Rotas alternativas dentro da fábrica garantem menor consumo de combustível. Resultado: O consumo de energia caiu 20% e o de água, 60% a cada veículo produzido nos últimos dez anos.

Imagino que as empresas, de um modo geral, regem-se pela busca de lucros como prioridade zero. A falta de consciência ambiental tanto se pode explicar pela falta de conhecimentos científico-tecnológicos que permitam uma produção mais limpa, quanto pelo desejo de internalizar lucros, externalizando problemas. No entanto, o fato de a indústria mudar certas posturas por exigências do mercado ou do público, e em última análise para otimizar suas vendas, não diminui o valor dessas iniciativas, algumas delas absolutamente essenciais, como a economia de água.
É reconfortante ver a indústria automobilística se esforçando por gastar menos na produção e por oferecer produtos que gerem menos despesas individuais, sociais e ambientais. Com o tempo, essas práticas se arraigarão de um tal modo na consciência das pessoas que as novas gerações nem cogitarão de comprar produtos produzidos de forma irresponsável. Tomara.

2 comentários:

Anônimo disse...

No caso da HONDA, de Manaus para Belém é mais barato por via fluvial, pois de carreta seria extremamente caro.

Assim, na realidad, a HONDA está é economizando e poupaqndo tempo, pois de carreta teria que ir pata porto Velho, Cuiabá Brasilia e Belém, ou outra rota alternativa, pois não esxiste ligação rodoviaRIA ENTRE mANAUS E bELÉM.

Yúdice Andrade disse...

Sem dúvida que essas medidas são detonadas por interesses precipuamente econômicos. Em segundo lugar, é uma questão de marketing: investe-se no politicamente correto para agradar o público e vender mais.
Seja como for, independentemente da origem, é valioso que essas iniciativas sejam implementadas.