Em meados de junho, apareceu um gualdinha da CTBel em frente à escola da Júlia. Ficava lá, exercendo a sua nobre função de apitar, porque não posso considerar como educativa a conduta de quem não se aproxima dos condutores, não conversa com eles e não lhes diz o que pode e o que não pode ser feito. Mas o que me irritava mesmo era a sua absurda tolerância com os delinquentes da fila dupla: apitava para eles, porém permitia que continuassem obstruindo a passagem.
Veio o mês de julho, começou agosto e, nesta semana, pintaram uma faixa de segurança em frente à escola. O gualdinha voltou, mas agora de talonário de multas na mão. As autuações começaram. Para a CTBel, provavelmente, a fase de mera advertência acabou. Ontem, havia uma certa confusão no local, no horário da saída, segundo me relatou minha mãe, que foi buscar Júlia.
Está tudo errado. Primeiro, porque jamais deveria ter havido tolerância com as infrações de trânsito. As normas de circulação são antiquíssimas e as necessidades da cidade são de todos conhecidas. Acho infame essa palhaçada de conceder um prazo para o infrator se adequar, em relação a algo que ele sempre soube que não podia fazer. O segundo erro está na ausência de procedimentos verdadeiramente educativos. O terceiro erro está em multar os infratores, porém não desenvolver ações concretas para impedir a obstrução da rua. Tem gente que, ciente de ter sido autuada, aproveita para atrapalhar a vida alheia pelo tempo que desejar.
Mas o maior de todos os erros está, claro, na postura incivilizada e mesquinha de quem se acha melhor do que os outros. E, claro, quer justificar o seu mau caratismo, além de invocar supostos direitos. Recordo-me que, em junho, um pai revoltado exigiu da coordenadora escolar, quase aos gritos, providências contra a CTBel, como se a escola tivesse algum poder sobre o que acontece fora de seus muros e como se a CTBel não estivesse, naquele momento, apenas cumprindo a sua missão institucional. Só num mundo muito doido, mesmo.
Minha posição é há muito conhecida: tomara que multem mesmo, em frente a todas as escolas da cidade. Sem pena. É a única chance de diminuírem um pouco os engarrafamentos absurdos e desnecessários que se formam nesses locais.
2 comentários:
De acordo, mas não seria o caso também de as próprias escolas criarem mecanismos para amenizar o problema? Salvo engano, o Ideal Militar tinha uma entrada (quase um drive thru) para que os pais apanhassem os filhos sem atrapalhar o trânsito.
Porque também é muito fácil abrir uma escola e não disponibilizar vagas de estacionamento para os seus funcionários, nem se preocupar com o impacto causado no tráfego.
Victor, meu caro, existe uma lei municipal que proíbe expressamente a abertura de estabelecimentos de grande afluxo de público em ruas muito movimentadas. Tal lei, que salvo engano é da década de 1990, respeitaria o direito adquirido, mas impediria o surgimento de novos estabelecimentos. Desnecessário dizer que ela é potoca, para usar uma expressão corriqueira.
De acordo com ela, não poderíamos abrir escolas, academias de ginásticas e estabelecimentos congêneres em praticamente nenhuma das vias principais de bairros como Nazaré, p. ex.
Uma medida mitigadora seria disponibilizar vagas de estacionamento rotativo ou construir um porte-cochère (aquele recuo na entrada do prédio), como tem o Boulevard, mas não o Pátio. Segundo me disseram, o Aslan da Mauriti funciona de modo semelhante ao Ideal Militar, o que é muito bom, mas exige uma área livre enorme, o que poucos têm e que sairia extremamente caro. Logo...
A meu ver, o primeiro dever das escolas - e aí incluo a de minha filha - seria fazer um rigoroso trabalho de conscientização das crianças, para que elas mesmas intercedessem junto aos pais, além de atividades internas na qual os pais fossem levados a perceber o tamanho da falta que cometem.
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