Evito críticas muito pessoais aqui no blog, mas não posso deixar de lamentar a conduta da advogada de uma das principais acusadas de crimes no escândalo da Assembleia Legislativa do Pará, que ontem simplesmente perdeu o controle diante de uma equipe da TV Liberal e passou a se comportar como uma adolescente surtada, gritando e agarrando o braço da repórter, que insistia em fazer perguntas à acusada.
Está certo que jornalistas são uma raça que tira qualquer um do sério e o objetivo na ALEPA, ontem, parecia ser exatamente esse, já que existem as costas largas da imprensa e ninguém por lá vai querer sofrer acusações de causar embaraços à informação pública, tanto que o presidente da casa não deu um pio e permitiu que a equipe de reportagem se instalasse no prédio. Também se sabe que é dever do advogado zelar pelo interesse de seu constituinte, mas como fazê-lo perpassa a questão da ética profissional.
Segundo o Estatuto da Advocacia, "o advogado deve proceder de forma que o torne merecedor de respeito e que contribua para o prestígio da classe e da advocacia" (art. 31). Além disso, constitui infração disciplinar "manter conduta incompatível com a advocacia", entendendo-se como tal, dentre outras, a "incontinência pública e escandalosa" (art. 34, XXV e parágrafo único, "b").
O que me deixou estupefato com a advogada foi o fato de ela, ao perceber que a perseguição a sua cliente não cessaria, ter começado a gritar (deduzo que a policiais que fazem a segurança do local), repetidas vezes, "Prendam estes dois em flagrante!"
Para começo de conversa, a advogada não dá ordens dentro da ALEPA. Mas acima de tudo, flagrante de qual crime???!!!
Por mais inconvenientes que os repórteres pudessem ser, é fato que não cometeram crime algum, de modo que a advogada exigiu fosse praticado um flagrante e estrepitoso abuso de autoridade, o que felizmente não aconteceu. Adiante, ao tentar fechar o portão de acesso ao estacionamento na cara da equipe, a jornalista Jalília Messias reagiu: "A senhora não é advogada? Que comportamento é esse?"
A advogada ficou visivelmente surpresa com a admoestação e não respondeu. Ou seja, destemperou-se e foi aniquilada pela jornalista, publicamente.
A classe dos advogados já não goza do maior prestígio na sociedade (o que é uma injustiça e um clichê), mas sem dúvida que situações como esta comprometem a nossa credibilidade. É uma pena.
9 comentários:
É muito lamentável mesmo.
Esperamos que a OAB/PA aplique uma das as sanções disciplinares previstas no art. 35 do EOAB.
Atitudes como aquela deixam claro que, mesmo com o exame da ordem fazendo um crivo, ainda passam advogados sem condições de exercer a profissão respeitando seu Estatuto e Código de Ética.
E ainda querem acabar com o exame...
Felipe Andrade
A advogada deve ter faltado a todas as aulas de psicologia aplicada ao direito (fantástica profa. Aline). A conduta, imatura, desprovida de inteligência emocional, atraiu ainda mais a antipatia do grande público para com a patrocinada, desta feita advogando contra a própria cliente.
Bem refletido, amigo. A colega foi muito infeliz na atuação.
Abraço
p.s.: corre a meia boca pelas nossas vizinhanças que Daura Hage amealhou belo patrimônio no conjunto Médici. Assim que me certificar se as casas são mesmo de propriedade dela, publico no blog.
Yudice,mudando de pau pra cacete, por onde anda a Ana Celia da perereca da vizinha? Será que o Jatene botou abil em sua boca?
Felipe, eu defendo que deveria haver exame psicotécnico e até mesmo avaliações psicológicas mais profundas para muitas coisas mais do que tirar carteira de motorista. Inclusive para ter filhos!
Seja como for, o exame de Ordem só verifica memorização de conteúdos...
O pior é isso, Fred: ela não só não ajudou como atrapalhou a cliente. Em seu lugar, eu teria chegado à ALEPA e chamado os jornalistas para conversar comigo. Uma conversa aberta, olho no olho, tranquila, na qual diria que minha cliente tinha o dever de voltar para o trabalho, que está consciente das acusações e que dará suas explicações somente em juízo. Diria que ela não falará com a imprensa, mas que eu estaria à disposição para quaisquer esclarecimentos. Simples assim.
Deixaria claro que não adianta perseguir a acusada e ela poderia sair do prédio sem fugir. Seria melhor para todos.
Das 12h01, eis uma coisa que eu gostaria de saber. Ela disse, no próprio blog, que retornaria em agosto, mas isso não ocorreu. Só posso esperar para saber.
Maldade essa do Jatene...
O vídeo em questão: http://www.youtube.com/watch?v=GyNgqwof4W0&feature=related
No que diz respeito à imprensa, nem vou perder meu tempo falando nada; seria muito parcial, já que meus estudos de final de curso se voltam pra essa esfera. Dá raiva só de ouvir a entonação de um repórter.
Agora, a atitude da advogada foi patética. Ela não demonstrou a menor credibilidade pra cliente e também foi um prato cheio pra mídia. Ela caiu ridiculamente no jogo deles.
Eu discordo com Gabriel quanto à postura da repórter, em relação ao tom de deboche. Quando entrevistando a Daura Hage ela fica perguntando sem parar, em uma entonação quase robótica, a meu ver, pela ausência de respostas, o que os repórteres são treinados a fazer em caso de silêncio, como ocorreu (e não em tom de deboche).
O que me deixou com raiva mesmo, acima do possível sensacionalismo jornalístico, foi o tom e o comportamento de "coitadinha" da Daura Hage, isso sim me causou revolta, e muita! Não quero condenar ninguém antes da hora, mas acho que nesse caso há indícios suficientes de autoria para que ela enfrentasse as acusações de outra maneira. Nem a culpo por isso, porque, na minha opinião, também é reflexo da falta de instrução que essa Sra. deve ter sofrido por conta de uma assistência tão ruim com uma advogada se comportou daquele jeito. A postura tomada deveria ser parecida com a que o Yúdice falou.
Concordo quanto à análise da imprensa, mas não nesse caso. Se houve jogo por parte de alguém, acho que foi um jogo de coitada de alguém que está enfrentando um mínimo de justiça. Tal como os advogados, acho que a classe de jornalista também vem sendo desprestigiada, o que não ocorreu nesse caso, novamente a meu ver.
Abs.
Obrigado, André.
Gabriel e Vítor, sem dúvida que houve um joguinho dos jornalistas, sim. Mas é que faz parte desse tipo de reportagem encurralar o acusado, a fim de que ele, nem que seja para fugir da situação, fale alguma coisa que possa comprometê-lo. Não direi que isso é certo ou errado; acho que há casos e casos, mas a intenção realmente é constranger para ver no que dá.
Que outra razão explicaria a equipe se instalar na ALEPA durante horas?
O fato é que a imprensa fez o que quis e a advogada caiu. Aliás, estabacou-se de um jeito humilhante. Se houvesse um "CQC jurídico", ela estaria no "top 5".
Vitor, eu também fiquei indignada com o papel de vítima que ela assumiu. Falando não como advogada (que deveria respeitar o devido processo legal), mas como cidadã, quando ela pediu, com lágrimas nos olhos, que a deixassem e paz, o sangue subiu!
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