sábado, 27 de agosto de 2011

Do mundo, alma e vida é o amor!

Fazia algum tempo que eu não escutava, mas ontem, enquanto me dirigia para a faculdade, me permiti o prazer de escutar árias de ópera e dei, como costumava fazer, especial atenção à cativante interpretação do saudoso José Carreras a uma das mais famosas árias de Andrea Chénier, de Umberto Giordano (1867-1948).
Quando a conheci, ela se tornou minha ária favorita para voz masculina. O motivo dessa adoração você poderá compreender se prestar atenção à letra. Ou melhor, ao libreto de Luigi Illica.
Você pode ver, pelo YouTube, à interpretação a que me refiro.

Un dì all'azzurro spazio guardai profondo
Um dia contemplei profundamente o céu azul
E ai prati colmi di viole, pioveva l'oro il sole
E nos prados cobertos de violetas, o sol chovia ouro 
E folgorava d'oro il mondo
E fulgurava de ouro o mundo
Parea la terra un immane tesor
A terra parecia um imenso tesouro
e a lei serviva di scrigno il firmamento.
E a ela o céu servia de escrínio 
Su dalla terra a la mia fronte 
Subia da terra, à minha frente
veniva una carezza viva, un bacio
Como que uma carícia viva, um beijo 
Gridai vinto d'amor: 
Gritei, vencido de amor:
T'amo, tu che mi baci, divinamente bella, 
Te amo, tu que me beijas, divinamente bela,
o patria mia! 
ó minha pátria!
E volli pien d'amore pregar! 
E quis, tomado de amor, rezar! 
Varcai d'una chiesa la soglia
Cruzei a porta de uma igreja
là un prete ne le nicchie 
Lá, um padre, nos nichos
dei santi e della Vergine
dos santos e da Virgem 
accumulava doni
acumulava donativos 
e al sordo orecchio
E à surda orelha 
un tremulo vegliardo 
um velho trêmulo
invan chiedeva pane
em vão implorava pão 
e invano stendea la mano! 
e em vão estendia a mão!
Varcai degli abituri l'uscio
Entrei pelas portas das casas 
un uom vi calunniava
Vi um homem caluniando 
bestemmiando il suolo 
praguejando contra o solo
che l'erario appenza sazia 
que o tesouro mal pagava
e contro a Dio scagliava 
e contra Deus blasfemava
e contro agli uomini 
e contra todos os homens
le lacrime dei figli. 
as lágrimas dos filhos.
In cotanta miserie la patrizia prole che fa? 
E com tanta miséria, o que fazem os ricos?
Sol l'occhio vostro esprime umanamente qui 
Somente os seus olhos exprimem humanamente aqui
un guardo di pietà, ond'io guardato ho a voi 
um olhar de piedade, por isso eu a olhei
si come a un angelo. 
como a um anjo.
E dissi: ecco la bellezza della vita! 
E disse: eis a beleza da vida!
Ma, poi, a le vostre parole, 
Mas depois de vossas palavras
un novello dolor m'ha colto in pieno petto. 
Uma nova dor me atingiu em pleno peito.
O giovinetta bella
Ó bela jovem
d'un poeta non disprezzate il detto: 
não desprezeis as palavras de um poeta
Udite! Non conoscete amor
Ouvi! Não conheceis o amor 
Amor, divino dono, non lo schernir
Amor, dádiva divina, não o desprezeis
del mondo anima e vita è l'amor! 
Do mundo, alma e vida é o amor!

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