domingo, 2 de dezembro de 2007

Batizado mineral

A Companhia Vale do Rio Doce, criada em 1942 como estatal e privatizada na era FHC — em operação questionada perante o Poder Judiciário que, obviamente, jamais concluiu o processo —, quer fortalecer a sua imagem perante o mercado internacional. Para tanto, mudou de nome e de marca. Agora é, oficial e simplesmente, "Vale". E adota marca que parece colocá-la como empresa do grupo ABN AMRO Bank — sim, a do Banco Real.


A campanha publicitária, ocupando quatro páginas inteiras no Diário hoje, e que já vinha consumindo páginas inteiras em dias anteriores, foca numa história de batizado, recorrendo ao clichê das crianças bonitinhas, para chamar atenção.
Vocês devem estar se perguntando porque, diabos, escrevo sobre isso. Só para pinçar este trecho do discurso publicitário:

"O nome Vale vem para celebrar a sua atuação mundial em
um novo momento da empresa, mas com os valores de sempre."

Viu? "Valores de sempre". Ou seja, podem falar em "responsabilidade socioambiental" o quanto quiserem: o Pará continuará ficando só com os buracos. Os lucros, a pompa, o glamour e os benefícios continuarão indo para outros lugares. Como sempre foi.
Se alguém quiser rebater meu comentário e beijar... a mão da Vale, comece a réplica explicando por que o índice de desenvolvimento humano (IDH) do Pará, e dos Municípios mais diretamente atingidos pelas atividades minerárias da companhia, simplesmente não se destaca. Honestamente, estou querendo saber.

Atualizado em 3.12.2007
A educação de casa vai à rua. Até os bailarinos que se apresentaram na festa da Vale eram estrangeiros, da Alemanha. Paraenses é que não seriam.

4 comentários:

Fábio Cavalcante disse...

Mais do que a palavra que ficou, o que o novo nome mais me diz é que quem não "vale" nada mesmo é o "Rio Doce"! Tacaram ele fora então.

Yúdice Andrade disse...

É, Fábio, essa história não tem nada de doce. Não para os paraenses.

Anônimo disse...

Leião fraudulento que me dá náuseas somente de lembrar.

Yúdice Andrade disse...

Tudo no processo foi absolutamente bisonho, Jean. Gostaria de ser um mosca para ver as reuniões em que todo o empreendimento foi decidido.