terça-feira, 17 de julho de 2007

Apenas "zoando"

Notícia comentada:

Acusados de espancar doméstica dizem que estavam "zoando"
Os cinco rapazes acusados de espancar a empregada doméstica Sirlei Dias de Carvalho, na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio), afirmaram segunda-feira (16) em seu depoimento à Justiça que, naquele dia, saíram para "zoar as putas".


Depois da audiência que durou mais de quatro horas, o juiz Marcel Laguna Duque Estrada, em exercício na 38ª Vara Criminal do Rio, decidiu manter a prisão preventiva dos rapazes e negar um pedido de liberdade provisória movido em favor de dois deles, Felippe de Macedo Nery Neto, 20, e Rubens Pereira Arruda Bruno, 19.


Na audiência, Nery Neto afirmou que todos os acusados ingeriram bebidas alcóolicas naquela noite e que sofre de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade.

No mais, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade não comprometem a capacidade de raciocínio do indivíduo. Ou seja, esses menininhos não perderam nem sequer tiveram diminuída a capacidade de julgamento sobre as condutas realizadas, bem como a capacidade de autodeterminação. Isso em nada os beneficia.

Bruno, em seu depoimento, afirmou que os rapazes abordaram três mulheres — entre elas Sirlei — que "pareciam prostitutas".
Aqui, o malandro admite tacitamente que ele e seus comparsas são pessoas socialmente perigosas. Basta que eles suponham que tal ou qual pessoa é prostituta e a agressão, para eles, está legitimada. Nem me darei ao trabalho de comentar sobre agressão a prostitutas. Basta que se diga que ninguém está seguro perto deles. Mais uma razão para mantê-los presos preventivamente.

Ele disse, então, que começou a agredi-las depois de ter sido atingido por uma bolsa no rosto.


Os outros quatro rapazes acusaram Bruno de ter levado a bolsa de Sirlei consigo após a agressão e de tê-la jogado fora, após a fuga.


Nos relatos, os rapazes admitiram ainda que quatro deles se envolveram em uma briga em um posto de combustíveis e que, depois, Bruno e o também réu Leonardo Andrade ainda "resolveram azarar" umas mulheres perto de casa e se envolveram em uma briga com um homem que simulou estar armado.


Com a negativa do magistrado, Nery Neto, Bruno e os outros três réus, Rodrigo dos Santos Bassalo, Leonardo Pereira de Andrade e Julio Junqueira Ferreira, permanecem presos.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u312514.shtml
Para mim, isso indica que os mocinhos não podem ser contrariados de jeito nenhum. Se forem, ficam nervosinhos.
Para os delitos de furto e roubo, a motivação do agente é indiferente. Se o cara levou a bolsa e jogou-a fora, ainda assim o roubo está configurado.
Eis aqui o germe da tese de legítima defesa ou, pelo menos, de crime cometido por violenta emoção logo após injusta provocação da vítima. Tecnicamente, contudo, nem merece comentário.
O consumo de bebiba alcoólica só piora as coisas. Os sujeitos já são violentos e, sabidamente, a bebida potencializa a agressividade. Logo, há um fator endógeno que se soma a outro, exógeno e altamente fomentado na sociedade. Num caldeirão desses, melhor que a justiça os mantenha presos. As estatísticas estão aí para mostrar como o alcoolismo tem custado caro ao mundo, especialmente aos brasileiros.
Diante da confissão dos réus e dos motivos apresentados, fica muito fácil ao juiz indeferir o pedido de liberdade. Vale lembrar que esse Nery Neto fez gestos ameaçadores para a vítima, mesmo através do vidro que os separava. Acredito que tenha sido no dia do reconhecimento. Ele deve responder a processo também por esse fato. E coação de testemunha é prato cheio para qualquer juiz manter a custódia preventiva.
Os lindos e encantadores meninos, dando essa explicação, dizem muito sobre quem são. Demonstram incapacidade de tolerar pessoas que não estejam dentro dos padrões que consideram corretos e uma propensão a agressão, ou até a extermínio, do que ou de quem fuja a esse padrão. Que tipo de educação essas criaturas receberam?

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