"É muito difícil errar aquele aparelho. Na hora pensei: 'Não acredito nisso'."
Jade Barbosa, apontada como a melhor ginasta brasileira atualmente
Assisti e sofri, ontem à tarde, às provas individuais de ginástica feminina. Torci não apenas como bom brasileiro, que torce pelos conterrâneos de forma bem bairrista, tenham eles merecimento ou não. Torci porque, para mim, ginástica é o esporte, seguida do atletismo. Torci porque os ginastas brasileiros vêm num crescendo nos últimos anos, fazendo a lição de casa do único modo pelo qual se pode ter sucesso em competições esportivas: investindo e trabalhando sério (exceto no futebol, onde o que vale é a ladroagem dos cartolas). Vide a contratação de técnicos estrangeiros e a construção de um centro de excelência para treinamento, em Curitiba. Torci, enfim, porque os atletas brasileiros têm merecimento.
Quando Jade caiu da barra, na última apresentação, fiquei lívido. Vê-la chorar me atingiu, de verdade, como imagino atingiu muita gente. Foi-se a medalha, mas ficou a certeza de que estamos no caminho certo. E o que essas meninas e os rapazes fazem é grandioso, sério e do mais alto valor.
Acompanhei a apresentação das americanas, torcendo para que torcessem algum tornozelo. Mas elas não se acidentam, não erram, não se desconcentram. Se eventualmente se desequilibram, é no final da apresentação ou após algum exercício tão difícil que o grau de dificuldade elimina o desvalor do erro. Paciência. Posso ter lá os meus acessos de xenofobia, especificamente contra americanos, mas o que fazer se eles investem nos mais variados esportes de modo intenso, consistente e voltado para resultados?
Que fazer se, em cada escola e universidade americana, o esporte faz parte da rotina e não apenas como uma exigência curricular, mas efetivamente sob uma perspectiva de formação de atletas, para competições profissionais?
Quando se ergueram as três bandeiras, a famigerada Old Glory, só pensei em como, no final das contas, isso chega a ser óbvio. Quem investe, recebe.
Investe, Brasil!
2 comentários:
Hoje,a doce e perseverante Jade conseguiu sua medalha de ouro, para sí, seu pai e seu irmão e para o todo o Brasil. Todos nós a entregamos à precocemente ausente mãe de Jade.
Jade, somos suas 200 milhões de mães! Obrigado.
Que comentário bonito, dona anônima-mãe! Acho que me senti um pouco da família, também. Estava passando pela frente de uma TV quando escutei, ao longe, a notícia do ouro. Quase chorei. Foi lindo, não?
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