quarta-feira, 4 de julho de 2007

Para inglês ver

Não é comum servidores públicos serem imediatamente afastados de suas funções quando acusados de alguma irregularidade. Os casos mais gritantes ocorrem, p. ex., com policiais acusados de abusos violentos de autoridade, que em geral são remanejados para funções administrativas, saindo das ruas (graças a Deus), mas sem o afastamento propriamente dito.
Ontem, o sedizente prefeito de Belém determinou, se entendi direito a reportagem, o afastamento imediato de todos os servidores que tenham se envolvido no atendimento de Antônio Carlos Barbosa, morto na Unidade de Saúde da Marambaia após infartar e sem obter o tratamento médico que seu caso exigia — e aqui, note-se, não vai nenhuma atribuição de responsabilidade a quem quer que seja.
Pelo contrário, acho que está havendo um açodamento no caso. O primeiro a ser punido, e ainda sem chance de defesa, é o médico, mas pelo visto também seus auxiliares. Se a morte do paciente foi decorrência da ausência de equipamentos adequados naquela unidade ou se da demora da UTI móvel, os profissionais que o atenderam não seriam culpados pelo ocorrido e não poderiam ser afastados, o que gera contra eles uma presunção de culpa, principalmente perante a opinião pública.
Diga-se mais que, num contexto de carência de pessoal, o afastamento dessas pessoas tende a comprometer ainda mais o atendimento ao público. Donde resulta que essa energia toda que o Executivo quer demonstrar, em resposta, mais parece uma tentativa de convencer quanto aos investimentos feitos na área de saúde. Afinal, como lembrou o Procurador da República ouvido na mesma reportagem, já são três processos de improbidade administrativa contra o sedizente, perante a Justiça Federal. Daí que alguém precisa pagar o pato.

Adendo:
A postagem do médico e blogueiro Carlos Barretto, sobre o tema, está um espetáculo.

2 comentários:

Anônimo disse...

O Dudú é que faria um grande bem, à saúde de Belém, pedindo seu próprio afastamento. Tchau, Dudurudú!dudú.

Yúdice Andrade disse...

Infelizmente, caro anônimo, ele não nos dará essa alegria. Pelo contrário, quer prosseguir.

Ao anônimo que escreveu um segundo comentário sobre esta postagem, peço desculpas, mas eu a deletei acidentalmente. Era para clicar em "aceitar" e cliquei em "recusar". Perdão! Mas saiba que endosso integralmente suas palavras.