sentimento de luto no Pan
Durante todo o dia, as medalhas tilintaram no cofre brasileiro. Só de ouro, foram seis. Subimos à terceira colocação no quadro geral de medalhas, com boas condições de ir a segundo. Como ocorre nos grandes eventos esportivos, onde havia uma TV, lá havia ao menos um grupinho atento, comentando, torcendo. Sorrisos com os ouros de Diego Hypólito e principalmente de Jade Barbosa, que substituiu o choro de dois dias atrás pelo sorriso vitorioso.
Podíamos ter terminado o dia assim: comemorando conquistas, rindo, falando de um orgulho de ser brasileiro que só aparece nessas horas. Mas o vôo JJ 3054 da TAM cruzou o caminho de todos os brasileiros e, ao se chocar contra um edifício da própria companhia, tornou-se o maior acidente aéreo da história brasileira e consternou a todos nós. Eu senti toda a minha alegria se desvanecer. Fiquei sentado na poltrona, um tempão, olhando aquelas cenas.
As coberturas jornalísticas sentiram que seria artificial, e talvez até de mau gosto, fazer a festa do Pan com tantas famílias sofrendo numa tragédia de repercussão internacional. Por isso, os jornais se concentraram no acidente. O Pan foi apresentado, mas nem chegaram a fazer referência a todas as conquistas brasileiras do dia. E o tom dos jornalistas, mesmo nessas horas, era contrito, digno. O que se podia esperar, no contexto.
Hoje, passaremos o dia gravitando entre esses dois assuntos, unificados através das faixas pretas que os atletas utilizarão, em homenagem às vítimas e suas famílias.
Fica o registro da solidariedade dos bons brasileiros, que após o acidente acorreram ao local levando água e cobertores, numa tentativa de ajudar de algum modo. Lamentavelmente, não houve quem precisasse dos cobertores.
Para piorar, sabemos de antemão que a apuração das causas desse acidente ainda mexerão intensamente com os nossos nervos.
Minha solidariedade a todas as pessoas direta ou indiretamente atingidas pela tragédia. Deus abençoe este país.
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